XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DA MAGNITUDE DA PERDA DE PESO PRÉ-OPERATÓRIA SOBRE A DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

Resumo

Introdução: Existem poucas evidências na literatura atual acerca do impacto diferencial que perdas de diferentes magnitudes podem acarretar aos principais aspectos da DHGNA. Estudos realizados com indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica demonstraram que alguns aspectos, como a esteatose simples e a esteato-hepatite, são aparentemente mais suscetíveis a flutuações dinâmicas de peso, enquanto a fibrose parece ser tanto mais refratária.
Objetivo: Analisar a influência da magnitude da perda de peso pré-operatória sobre a DHGNA analisada através de exame histopatológico e exames bioquímicos em indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica.
Método: Foi realizado um estudo retrospectivo observacional analítico, do tipo transversal, unicêntrico, baseado em dados prospectivamente coletados relativos ao peso, IMC, exames laboratoriais e histopatológicos de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica nos anos de 2017 e 2018 no Hospital de Clínicas da UNICAMP. Os indivíduos foram subdivididos em grupos de acordo com o volume de perda de peso pré-operatória (<10%, 10,1-15%, 15,1-20%,>= 20%) e os resultados de seus exames bioquímicos e biópsias hepáticas obtidas no ato cirúrgico foram comparados.
Resultados: De 113 indivíduos analisados, 89,3% eram do sexo feminino e a idade média foi de 40,5 ± 9,0 anos. Observou-se uma redução significativa entre o IMC inicial (43,4 ± 5) e no momento da cirurgia (35,9 ± 3,3) (p<0,0001). A alteração histopatológica hepática mais prevalente foi a esteatose macrovesicular (68,1%), seguida pela fibrose periportal (65,5%). A maioria dos participantes concentraram-se nos grupos com perda entre 10,1 e 15% (33,6%) e entre 15,1 e 20% (29,2%). A glicemia foi significativamente mais alta no grupo com menor perda de peso (p=0,04) e a insulinemia e o HOMA foram significativamente menores no grupo com perda de peso superior a 20% (p=0,008 e p=0,02, respectivamente). Observou-se uma frequência significativamente maior de balonização hepatocelular no grupo com menor perda de peso (p=0,049).
Conclusões: A perda ponderal associa-se a benefícios laboratoriais e histológicos da DHGNA. Esses benefícios apresentam uma relação de dose-reposta com a magnitude da redução de peso. De acordo com estes achados, há aparente maior relação da doença com a trajetória recente de massa corporal do que com o IMC naquele momento, ressaltando o caráter evolutivo da doença.

Área

Cirurgia - Obesidade

Autores

Paulo Ferreira Mega, Carlos Wustemberg Germano, Fábio Henrique Ribeiro Maldonado, Luana Leite Castilho Dias, Martinho Antonio Gestic, Murilo Pimentel Utrini, Felipe David Mendonça Chaim, Francisco Callejas-Neto, Elinton Adami Chaim, Everton Cazzo