Dados do Trabalho
Título
Cirrose biliar em decorrência de colangiopatia após COVID-19 – Relato de caso
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO:
Masculino, 24 anos, previamente hígido, interna em 07/2021 por COVID-19, necessitando de ventilação mecânica (VM) e tratamento intensivo por 83 dias. No 75◦ apresenta alterações importantes em provas colestáticas. Realiza colangiorresonância sem dilatação de vias biliares, esplenomegalia e vesícula com parede levemente espessada. Aventadas hipóteses de hepatite medicamentosa, colangite esclerosante primária ou secundária ao COVID-19. Sorologias e marcadores autoimunes negativos; sendo, então, suspeitado de colangiopatia secundária ao COVID-19. Iniciado ácido ursodesoxicólico (UCA) 13mg/kg com melhora laboratorial gradual e alta para acompanhamento ambulatorial. Reinterna em 10/2021 por colestase e febre com melhora após antibicoterapia. Nova colangioressonância evidencia dilatação de via biliar intra-hepática com múltiplos pequenos focos de estenose e ducto biliar comum dilatado. Mantem tratamento com UCA e é encaminhado para acompanhamento com equipe de transplante hepático. Em 06/2022 paciente realiza endoscopia digestiva com presença de varizes esofágicas de fino calibre sendo, então, evidenciado progressão do caso para cirrose em decorrência de colangiopatia após COVID-19.
DISCUSSÃO:
Estima-se que casos graves sejam mais prevalentes em pacientes com hepatopatia prévia e fatores de risco como esteatose ou alteração metabólica; fato destoante do caso em questão (previamente hígido e com IMC normal). Cabe salientar que estudos indicam que injúria hepática viral direta, isquemia e reação inflamatória seriam possíveis mecanismos para o desenvolvimento de colangiopatia após COVID-19. Estudos demonstraram que as imagens de colangiorresonância de pacientes com colangiopatia após COVID-19 são típicos de colangite esclerosante, tal como evidenciado no paciente em questão. Ainda, estudo retrospectivo, de 2021, que incluiu 12 pacientes com colangiopatia após COVID-19 demonstrou que todos necessitaram de VM; o tempo médio entre o COVID e a colangiopatia foi de 118 dias e em 92% desses pacientes via-se estenose de ductos intra-hepáticos, tal qual visto no paciente relatado.
COMENTÁRIOS FINAIS:
Apesar de não apresentar fatores de risco o paciente progrediu rapidamente para hepatopatia crônica. A cirrose por colangiopatia pós COVID-19 é uma complicação grave e de importante conhecimento. Novos estudos sobre a história natural, possíveis prevenções e terapêuticas são necessários.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Caroline Borges de Castro, Elza Cristina Miranda da Cunha, Jéssica Freitas Alves, Gustavo Lemos Uliano, Maria Augusta Lang De Carli