Dados do Trabalho
Título
Metástase hepática de adenocarcinoma de duodeno: ressecar! (e reportar)
Resumo
As metástases hepáticas de adenocarcinoma de duodeno constituem lesões por vezes ressecáveis cuja conduta não está bem definida na atualidade. A escassez de literatura acerca do tema, patrocinada pela raridade da patologia em si, faz com que o tratamento seja por vezes decorrente do extrapolamento das condutas adotadas para as metástases oriundas de outras patologias periductais, o que se traduz em quimioadjuvância ou terapia paliativa. A presente revisão narrativa encontrou 158 artigos na base de dados Pubmed e elegeu 11 artigos como pertinentes para consolidar esta discussão. A incidência do adenocarcinoma de duodeno é estimada entre 3,15 e 23,66 casos por milhão de pessoas/ano. Mesmo entre os tumores periampulares, os tumores primários do duodeno correspondem a 0,32-5,3% dos casos. Os pacientes mais acometidos são homens entre 64-68,7 anos e os fatores de risco são polipose adenomatosa familiar, tabagismo, história de câncer colorretal, infecção por Helicobacter pylori, esôfago de barret e presença de pólipos gástricos fundicos. Os sintomas do adenocarcinoma de duodeno são inespecíficos e a proposta terapêutica deve sempre incluir a ressecção R0 e, quando obtida, não há indicação de quimioterapia adjuvante, salvo se presença de doença linfonodal ou metastática ou se presença de sinais de alto risco como instabilidade microssatélite. Os esquemas quimioterápicos devem incluir oxaliplatina e derivado de fluoropirimidina, os quais demonstraram melhores resultados inclusive na presença de doença metastática. Os pacientes com adenocarcinoma de duodeno e metástase hepática sincrônica ressecável apresentaram sobrevida de 35% em 3 anos, em uma casuística americana e de 21% em 5 anos em oura série europeia. Em conclusão, parece haver evidências de que a ressecção das metástases hepáticas do adenocarcinoma duodenal confira maior sobrevida aos pacientes operados. É necessário produzir maior conhecimento nesta área, sobretudo através da publicação de relatos e séries de casos, com vistas a conhecer melhor o comportamento desta patologia e encorpar as evidências que parecem favorecer a ressecção.
Área
Cirurgia - Intestinos
Autores
Felipe Antônio Cacciatori