XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇÃO DE TRÂNSITO POR ESOFAGOCOLOPLASTIA APÓS ESOFAGOGASTRECTOMIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DA JUNÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA: UM RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: Paciente do sexo masculino, 62 anos com disfagia e perda ponderal, diagnosticado com adenocarcinoma GII na junção esofagogástrica com extensão ao esôfago terminal (tumor de cárdia Siewert III), estadiamento cT3N+M0, ECIII. Submetido a quimioterapia neoadjuvante com esquema FLOT, que apresentou resposta parcial aos exames de re-estadiamento. Nesse sentido, foi indicado gastrectomia total e esofagectomia distal. No intraoperatório, observou-se que o tumor se estendia deste a pequena curvatura gástrica até o esôfago médio, ao nível de carina. Objetivando margens livres, modificou-se a estratégia cirúrgica e realizou-se gastrectomia total com esofagectomia dos 2⁄3 inferiores, com interposição do cólon direito, para reconstrução do trânsito alimentar. No 16o dia de pós-operatório (DPO) o paciente evoluiu com fístula da anastomose esofagocolônica, tratada conservadoramente por toracoscopia com lavagem da cavidade e drenagem. Sem outras complicações, o paciente recebeu alta hospitalar no 36o DPO. Discussão: Os tumores da junção esofagogástrica são a sexta maior causa de mortalidade por câncer devido ao diagnóstico tardio e por serem tumores de histologia heterogênea. O tratamento quimioterápico por esquema FLOT demonstrou superioridade em termos de sobrevida e período de progressão da doença quando comparado com o tradicional ECF/ECX. Ademais, a abordagem cirúrgica se relaciona com o estadiamento da doença (TNM e Siewert). A distinção intraoperatória da real extensão do acometimento esofágico não modificou seu estadiamento, mas a extensão da ressecção. Postula-se que tumores Siewert III devem ser considerados como câncer gástrico, sendo necessária ressecção esofágica adicional para margens adequadas. A reconstrução do trânsito por esofagocoloplastia se torna complexa enquanto procedimento não planejado, exacerbando suas desvantagens: necessidade de duas anastomoses a mais do que na reconstrução com intestino delgado, maior tempo cirúrgico e morbidade pós-operatória. Comentários finais: É notável que mesmo com métodos confiáveis de estadiamento e técnica cirúrgica rigorosa, pode haver dissociação anátomo-radiológica das lesões. O relato demonstra que embora o pós-operatório seja complexo e que a conversão terapêutica tenha sido realizada durante o procedimento, é evidente que a esofagogastrectomia com interposição colônica conferiu capacidade para realização da ressecção tumoral com manutenção dos princípios oncológicos.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Matheus Andrade Amaral, Amanda Lira Santos Leite, Filipe Augusto Porto Farias Oliveira, Claudemiro Castro Meira Neto, Oscar Cavalcante Ferro Neto, Flávio Rodrigues Teixeira Filho, Diego Windson Araújo Silvestre, Aldo Vieira Barros, Alex Albuquerque Lins Barbosa