Dados do Trabalho
Título
Infecções oportunistas em paciente portador de Retocolite Ulcerativa em uso de imunobiológico
Resumo
Paciente masculino, 48 anos, com diagnóstico de retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI) em 2016, iniciando apresentação do quadro com pancolite fulminante. Em virtude de início da doença com quadro grave, iniciado infliximabe em janeiro de 2017 com bom controle da doença, porém foi suspenso devido diagnóstico de tuberculose pulmonar, a qual foi tratada com esquema rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol (RIPE) por 6 meses, e retornado infliximabe em maio de 2019. Paciente retornou ao ambulatório em 2022 com melhora dos sintomas intestinais, sem novos episódios de diarreia e sangramento, porém apresentando sorologia positiva para Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e então foi suspenso novamente o imunobiológico e encaminhado para infectologia. Paciente apresentava ainda contato prévio com hepatite B, tinha sorologia Anti HBc e Anti HBs reagentes, e apresentando HBsAg negativo. Optado por não iniciar profilaxia de reativação de vírus B pelo uso de infliximabe, entendido que a imunossupressão causada pelo uso do imunobiológico não seria suficiente para provocar reativação infecciosa. Paciente segue em acompanhamento com equipe da infectologia, ainda não iniciada terapia antirretroviral (TARV), mantido suspenso o uso de infliximabe.
Discussão
O uso de imunobiológicos em paciente com RCUI contribui para a remissão clínica e cicatrização de mucosa, porém, a imunossupressão causada pelo uso principalmente de anti-TNF pode predispor ao aparecimento de outras infecções, tais como tuberculose e hepatite B. Evidência de infecção por vírus B ou vírus C deve ser procurada em todos os pacientes candidatos à terapia com anti-TNF, através de testes sorológicos (HBsAg, anti-HBc e anti-HCV), além de se pesquisar infecção por HIV. Nos casos de infecção ativa por HBV, a carga viral deve ser mensurada.
Comentários finais
Paciente em uso de imunobiológico com diagnóstico de tuberculose e/ou HIV deve ter a medicação suspensa até início do tratamento com esquema tuberculostático e TARV, respectivamente, devendo retornar o uso do imunobiológico posteriormente. Paciente com contato prévio com vírus B, porém sem infecção ativa, pode ter o uso do anti-TNF continuado, mas deve ser monitorado de perto pelo risco moderado de reativação infecciosa.
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Milena Coutinho Pires, Gabriela Parreira Bizinoto, João Fellipe Pereira Espíndola, Maíra Thomé Freitas, Diogo Henrique Saliba de Souza, Mauro Bafutto, Michelle Baffuto Gomes Costa, Roberta Amaral da Silva