Dados do Trabalho

Título

Colangite Esclerosante Secundária à infecção grave pela COVID - 19

Resumo

Paciente feminina, 32 anos, sem comorbidades prévias, internada devido quadro de COVID - 19 grave, necessitando internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde recebeu suporte ventilatório e antibioticoterapia. Durante a internação, evoluiu com dor abdominal em hipocôndrio direito, inapetência, icterícia, colúria e prurido. Sem acolia fecal. Aventada hipótese de colecistite e coledocolitíase, solicitada avaliação da equipe de cirurgia geral. Realizado ultrassom (USG) de abdome: hepatoesplenomegalia discreta e homogênea, discreta dilatação das vias biliares intra-hepáticas, sem fatores obstrutivos identificados, vesícula biliar sem alterações. Apresentou aumento expressivo de enzimas canaliculares (GGT 5.210, Fosfatase alcalina 1.581). Aventada hipótese de colangite esclerosante secundária à infecção pela COVID - 19 e então solicitada colangiorressonância de abdome, que evidenciou leve ectasia e irregularidade dos ramos biliares intrahepáticos, com áreas salteadas de estenose e dilatação com distribuição bilobar. Paciente recebeu alta hospitalar com resolução completa dos sintomas prévios e uso de ursacol na dose de 17mg/kg/dia por 2 meses. Evoluiu com redução expressiva de enzimas canaliculares, com valores próximos aos da normalidade e realizado encaminhamento para seguimento de investigação e acompanhamento com equipe da hepatologia.

Discussão

A colangite esclerosante secundária é uma doença caracterizada por dilatação de ductos biliares intra e extra hepáticos associadas a estenoses focais em pacientes sem história prévia de doença hepatobiliar. A doença pode ter como causa isquêmica, induzida por drogas, iatrogênica e secundária a doença grave.

Comentários finais

A infecção grave pela COVID 19 tem se mostrado um fator de risco para desenvolvimento de outras doenças secundárias no paciente crítico. Em pacientes com COVID 19 internados em UTI, apresentando aumento expressivo de enzimas canaliculares, deve-se aventar a hipótese de colangite esclerosante secundária, com diagnóstico estabelecido pela colangiorressonância.