XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE CROHN GRAVE - QUANDO INDICAR O TRATAMENTO CIRÚRGICO?

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO

Paciente feminina, 36 anos, asiática, com Doença de Crohn (DC) penetrante e estenosante, já com indicação cirúrgica. Deu entrada no pronto socorro com enterorragia volumosa e dor abdominal há 3 dias evoluindo com síncope. Na admissão, torporosa e instável hemodinamicamente, anemia importante, insuficiência renal aguda, trombose extensa de veia cava inferior e na Tomografia, sangramento ativo em jejuno proximal e fístula complexa enteroenterica além de diversos pontos de estenose. Recebeu alta após estabilização clínica, sem necessidade de cirurgia na urgência.
Ambulatorialmente, iniciado Adalimumabe, anticoagulação, suplementação nutricional e após melhora clínica expressiva foi optado por cirurgia 8 meses depois, sendo realizado ileocolectomia direita com ileostomia, que apresentou alto débito no pós operatório, seguido de crises convulsivas, arritmias cardíacas e 3 paradas cardio respiratórias secundárias aos distúrbios hidro eletrolíticos de difícil controle.
Após compensação clínica, paciente recebeu alta mantendo o uso do Anti TNF, com bom controle sintomático e endoscópico.

DISCUSSÃO

Até 70% dos pacientes com DC podem necessitar de cirurgia para controle da doença ou de complicações como fístulas e estenoses.
Com a descoberta dos imunobiológicos e de metas baseadas em alvos terapêuticos para atingir a cicatrização de mucosa, houve uma diminuição no número de procedimentos.

No caso, a paciente apresentava DC fistulizante que após abandono do tratamento clínico com Infliximabe em 2019, após a indicação de cirurgia da fístula em 2018, evoluiu com atividade de doença grave, trombose extensa, sangramento importante, conferindo um alto risco cirúrgico e morbimortalidade. Sendo assim, a decisão de estabilizar a paciente clinicamente, iniciar o Anti TNF, otimizar o suporte nutricional e tratar suas complicações, como a trombose, contribuíram para diminuir as chances de desfecho desfavorável, apesar das complicações apresentadas no pós-operatório.


COMENTÁRIOS FINAIS

Apesar da melhora do prognóstico da DC com o início dos imunobiológicos, as cirurgias ainda se fazem necessárias para o controle da doença e tratamento das complicações. Logo, tais procedimentos devem ser bem indicados, no tempo ideal, sem postergá-las sem necessidade, evitando assim, progressão e atividade grave da doença, o que pode comprometer o sucesso do pós-operatório, aumentando a morbimortalidade e as complicações relacionadas.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Anelisa Sena Machado, Andrea Vieira, Maria Luiza Queiroz Miranda, Roberto Gomes da Silva Junior, Perla Oliveira Schulz Mamone, Paulo Eugênio de Araújo Caldeira Brandt, Fang Chia Bin, Fernanda Bellotti Formiga, Lucas Moreto Betini, Lucia Safatli Barbosa, Verônica Grobério Nicoli, Caiane Santos Rios, Maria Zuleide Felizola Leão Almeida, Leticia Becari Cal de Souza, Sara Miranda Montaño Laurentys , Saulo Cordeiro Paiva, Renan Abaurre Haig Santos