Dados do Trabalho
Título
LINFOMA FOLICULAR DE DUODENO AVANÇADO: RELATO DE CASO
Resumo
Masculino, 35 anos, perda de 10kg em 5 meses e dor epigástrica. Nega alergias, comorbidades, cirurgias prévias, medicamentos, etilismo ou tabagismo. Realizou endoscopia digestiva alta com irregularidade em região de papila duodenal. Na duodenoscopia, área de friabilidade com exsudato próximo a papila duodenal maior. Na colonoscopia, íleo terminal com múltiplas nodulações esbranquiçadas. Ressonância magnética abdominal e tomografia de tórax não mostrando acometimento de outros órgãos. No Pet-CT, linfonodos supra-claviculares, mediastinais, paratraqueais, infracarinário, mamário interno, retrocrurais, retroperitoneias, peripancreáticos, raiz mesentério, periaórticos e inguinais bilaterais. A imuno-histoquímica confirmou diagnóstico de linfoma folicular duodenal grau 1, Ki-67 + 5%; CD20 +; CD3 -; CD10 +; bcl-1 - e bcl-2 +. Com isso, ficou definido estadiamento de Lugano III, avançado. Tratamento proposto foi Rituximabe e Bendamustina 6 ciclos. Encontra-se no terceiro ciclo com boa resposta até o momento.
Discussão: O linfoma folicular era considerado raro com poucos casos descritos. Somente em 2017 a Organização Mundial de Saúde reconheceu o tipo duodenal, incluindo em sua classificação de doenças gastrointestinais. Nos últimos anos, houve aumento dos casos de linfoma e o tipo folicular passou a corresponder a quase 20% de todos os casos de linfoma não-Hodgkin, por isso não é mais considerado uma doença rara. O linfoma folicular duodenal, é uma neoplasia de células B imaturas e corresponde a menos de 4% dos Linfomas não-Hodgkin primários do trato gastrointestinal. A patogênese é incerta, mas parece haver estimulação de antígenos exógenos nas células B imaturas, levando uma reação local no duodeno e intestino delgado, sem disseminação, por isso costuma ser indolente. A doença nodal avançada é raramente encontrada. O quadro clínico é inespecífico e o diagnóstico incidental. Achados endoscópicos costumam ser áreas de friabilidade, nodulações brancas ou pólipos, frequentemente localizadas na segunda porção duodenal. A imuno-histoquímica é mandatória. Como dificilmente evolui para doença nodal, hoje aceita-se uma abordagem do tipo “Watch-and-Wait”, evitando assim o efeito citotóxico da quimioterapia. Porém, descrições de terapêuticas com radioterapia, quimioterapia e cirurgia, sem consenso entre elas, para casos avançados.
Conclusão: O linfoma folicular duodenal é tema de bastante discussão. O diagnóstico é incidental e o tratamento não existe consenso.
Área
Endoscopia - Miscelânea
Autores
Rodrigo Corsato Scomparin, Carlos Albach