XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

CERTOLIZUMABE PEGOL NA DOENÇA DE CROHN: UM ESTUDO OBSERVACIONAL MULTICÊNTRICO

Resumo

Introdução: Há escassez de dados de vida real sobre a utilização dos diferentes agentes anti-TNF no manejo da doença de Crohn (DC) na América Latina e no Brasil. A aprovação do certolizumabe pegol (CZP) no Brasil se deu em 2011 e sua incorporação no protocolo de diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde se deu em 2017, alguns anos após a experiência com IFX e ADA estar consolidada no manejo das DII em nosso país. Possivelmente por este motivo, não há dados no Brasil e na América Latina detalhando experiências de vida real com a droga publicados até a presente data.
Método: estudo observacional, retrospectivo, longitudinal, cujo objetivo primário foi analisar as taxas de remissão clínica na indução e na manutenção (semanas 6, 26 e 54) em portadores de DC tratados com CZP, em quatro centros de referência para tratamento de doença inflamatória intestinal no Brasil. Os objetivos secundários foram: analisar as taxas de resposta clínica, taxas de remissão endoscópica (cicatrização completa da mucosa), taxas de troca de biológicos, necessidade de cirurgias, persistência com o tratamento ao longo do tempo e possíveis efeitos adversos com a droga. Remissão clínica e reposta clínica foram definidas por HBI≤4 e queda de 3 pontos do HBI, respectivamente.
Resultados: 45 pacientes foram incluídos (30 do sexo feminino), média de idade de 42,16 anos, com um tempo médio de diagnóstico antes do início do CZP de 6 anos (2-360 meses), sendo 32 deles (71,1%) virgens de terapia biológica. As taxas de remissão clínica na semana 6, 26 e 54 foram 70,8%, 73,2% e 62,5%, respectivamente. As taxas de resposta clínica na semana 6, 26 e 54 foram 8,33%, 14,63% e 18,75% respectivamente. A remissão endoscópica foi alcançada em 12 casos (36,4%). Houve necessidade de troca de biológicos em 26 pacientes (57,8%) por falha primária ou secundária à droga. 28 pacientes (62,25%) descontinuaram o tratamento com CZP, com uma mediana de 16 meses. Em 11 pacientes (24,4%) foi necessária abordagem cirúrgica durante o uso da medicação e 10 pacientes (22,2%) apresentaram efeitos adversos à droga, sendo que alguns deles apresentaram mais de um evento.
Conclusão: As taxas de remissão e resposta clínica encontradas no presente estudo foram compatíveis com estudos de vida real internacionais. Pelo fato da maioria dos pacientes precisarem trocar de terapia biológica por controle inadequado da doença e mais de 60% dos casos descontinuarem a droga, questiona-se sua eficácia em longo prazo.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

THAISA KOWALSKI FURLAN