XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Mirizzi associada a fístula colecistoduodenal e fístula colecistocolônica: relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: Mulher de 52 anos procurou atendimento com dor em hipocôndrio direito, prurido, hipocolia fecal e colúria. Apresentava-se ictérica e com abdômen globoso ao exame físico. Em colangiorressonância realizada dois meses antes foram identificados cálculos no ducto colédoco distal, na desembocadura do ducto cístico e ao nível do ducto hepático comum e uma vesícula biliar pequena e irregular. Foi levantada a hipótese de Síndrome de Mirizzi. Exames laboratoriais mostraram elevação das transaminases (aspartato aminotransferase - AST = 97U/L e alanina aminotransferase ALT = 93 U/L), gama glutamil transferase - GGT = 639U/L, fosfatase alcalina - FA = 806 U/L e hiperbillirrubinemia (bilirrubina direta - BD = 2,39mg/dl e bilirrubina indireta - BI = 1,7mg/dl). Durante a o ato operatório, identificou-se uma vesícula biliar escleroatrófica, com fistula para duodeno e cólon transverso. Também foi observado o ducto colédoco dilatado com presença de dois cálculos de 2 cm impactados na porção distal. Posteriormente, realizou-se colecistectomia aberta, coledocotomia longitudinal e retirada dos cálculos da via biliar intra e extra-hepática. Sucedeu-se com a realização de anastomose biliodigestiva (colédoco-duodenal) e sutura do orifício da fístula de cólon transverso. No 2º dia de pós-operatório, a paciente evoluiu com diminuição da bilirrubinemia (BD = 0,8 U/L e BI = 0,91), tendo alta hospitalar no 4º dia. Discussão: A Síndrome de Mirizzi é uma manifestação incomum, geralmente decorrente da colelitíase crônica. A compressão crônica causada pelo cálculo resulta em inflamação, ulceração e formação de fístulas, como as colecistoentéricas, que se desenvolvem em 3-5% dos pacientes. De acordo com a classificação de Csendes, a paciente foi classificada como tipo Va. Apresentava duas fístulas, uma para duodeno e uma para cólon transverso, o que é uma complicação rara, sendo dificilmente diagnosticada no pré-operatório. O tratamento ideal de uma suspeita de fístula bilio-entérica deve ser a colecistectomia aberta com fechamento da fístula. A intervenção cirúrgica deve atender a três objetivos: extrair o cálculo, remover a vesícula biliar e restaurar o fluxo e a drenagem biliar normais. Considerações finais: A Síndrome de Mirizzi se caracteriza por uma causa rara de icterícia obstrutiva e nem sempre com uma clínica consistente, necessitando de exames de imagem para o diagnóstico. As fístulas encontradas também são anormalidades poucas vezes relatadas na literatura.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Augusto Ricken Siqueira, Beatriz Aparecida Oliveira Almeida, Bianca Ferreira, Isabela Mendonça Destro, Nicolas Nimer Merlo, Thiago Nandi, Ricardo Reis do Nacimento