XV Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica

Dados do Trabalho


Título

Mucocele do apêndice cecal

Apresentação do caso

Paciente masculino, 44 anos, previamente hígido, procurou o serviço médico relatando dor em flanco direito, de início há uma semana. Ao exame físico inicial apresentava-se em bom estado geral, com dor à palpação profunda de fossa ilíaca direita (FID) mas sem dor à descompressão brusca. O ultrassom (US) de abdome total evidenciou formação cística ovalada de paredes finas e conteúdo hipoecóico e heterogêneo, medindo 9,2 x 2,9 x 4,0 cm (L x AP x AT) em FID. Na tomografia computadorizada (TC) de abdome total evidenciou-se distensão mucóide do apêndice cecal com calibre de 3,5 cm e finas calcificações parietais compatíveis com mucocele.
Assim, realizou-se apendicectomia e enterectomia via convencional, optando por ressecção do ceco distal para margem de segurança. O exame histopatológico apontou neoplasia mucinosa apendicular de baixo grau com medidas 7,2 x 4,8 x 4,8 cm. A margem distal do ceco estava livre de neoplasia. Após a ressecção, o paciente evoluiu satisfatoriamente e foi liberado para acompanhamento.

Discussão

Mucoceles apendiculares consistem em dilatação do apêndice vermiforme devido ao acúmulo anormal de muco em seu lúmen. Sua associação com as neoplasias mucinosas apendiculares (NMA) é rara, com incidência de 0,12 casos por 1 milhão de indivíduos ao ano.
As NMA têm maior incidência entre a quinta e sexta década de vida e o diagnóstico costuma ser incidental e tardio, devido a sua clínica inespecífica. Entre seus diagnósticos diferenciais, estão: apendicite, cisto mesentérico ou de duplicação e massas anexiais.
O diagnóstico definitivo é feito por análise histopatológica, mas há algumas alterações sugestivas em exames de imagem. Na TC, as NMA diferenciam-se dos abscessos pela presença de calcificações na parede do cisto. No US, diferenciam-se da apendicite pela ausência de espessamento da parede apendicular >6mm.
Não há consenso quanto ao procedimento cirúrgico ideal, mas a apendicectomia permanece o mais recomendado. Indica-se a via laparotômica em detrimento da laparoscópica pelo risco de disseminação por ruptura do apêndice.
A extensão cirúrgica deve ser orientada pelo diagnóstico patológico e considerar diferentes fatores, como: tamanho do tumor, localização, acometimento regional, estado das margens e o relatório final da patologia.

Comentários Finais

O objetivo deste relato de caso é revisar a literatura, discutir uma conduta cirúrgica mais adequada perante a NMA e atentar a importância dessa patologia nos diagnósticos diferenciais de dor abdominal inespecífica.

Palavras-chave

Apêndice, mucocele, neoplasia, apendicectomia

Área

Tumores colorretais e canal anal

Autores

LUIZ HENRIQUE LOCKS, BRAULIO SAMBAQUY ESCOBAR, JORGE DELORENZO FILHO, MARIA EDUARDA COELHO DA MAIA, JÚLIA TEODORO STUEPP, LETICIA DOMINGOS RONZANI, ÉRICK HONORATO BAGIO, PABLO ROSSATO DA SILVA, JAQUELINE BEATRIZ DAROLT