XV Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica

Dados do Trabalho


Título

Linfadenectomia para câncer de esôfago: dois ou três campos? Uma revisão sistemática e metanálise para resultados a curto e longo prazo

Introdução

Atualmente não há consenso sobre os benefícios da adição da linfadenectomia cervical à tradicional linfadenectomia em dois campos em pacientes com carcinoma espinocelular esofágico. Uma linfadenectomia estendida teoricamente poderia aumentar o tempo da operação e os riscos de complicações pós-operatórias. No entanto, a linfadenectomia estendida permitiria a ressecção de nódulos cervicais com risco de metástase, aumentando potencialmente as taxas de sobrevida em longo prazo. A literatura carece orientações baseadas em evidências quanto ao melhor manejo relacionado a extensão da linfadenectomia nesses casos.

Objetivo

Avaliar se a linfadenectomia cervical profilática para carcinoma espinocelular de esôfago influencia os resultados a curto e longo prazo por meio de uma revisão sistemática da literatura e metanálise.

Método

Uma revisão sistemática foi realizada no PubMed, Embase, Cochrane e Lilacs. Os critérios de inclusão foram: estudos que compararam a esofagectomia dois campos (2F) vs. três campos (3F); artigos que analisam desfechos de curto ou longo prazo; e ensaios clínicos ou estudos de coorte. Os resultados foram sintetizados por Florest Plots e usado mean difference (MD) ou risk difference (RD) com os respectivos IC 95%. Foram seguidos critérios PRISMA (PROSPERO: CRD42020202185).

Resultados

A linfadenectomia 3F permitiu maior número total de linfonodos ressecados (MD: -23,56; [-31,20; -15,92]). No entanto, 3F foi associado a maior tempo de operação (MD: -42,36 min; [-70,50; -14,23]), maior permanência hospitalar (MD: -0,91 dia; [-1,76; -0,07]), maior perda de sangue (MD: -23,99; [-44,13; -3,84]) e maior risco de rouquidão pós-operatória (RD: -0,06; [-0,11; -0,00]). Nenhuma diferença entre 2F e 3F foi observada para mortalidade pós-operatória (RD: 0,02; [0,01; 0,02]). Além disso, nenhuma diferença significativa foi observada para complicações gerais (RD: 0,01; [-0,02; 0,03]), incluindo pneumonia pós-operatória (RD: 0,01; [-0,05; 0,07]) e fístula anastomótica (RD: -0,02; [-0,06; 0,02]). Não houve diferença entre 2F e 3F para sobrevida global (HR: 1,12; [0,97; 1,27]).

Conclusão

A linfadenectomia cervical profilática para câncer de esôfago deve ser realizada com cautela, pois está associada a piores resultados em curto prazo em comparação com a linfadenectomia tradicional a dois campos e não melhora a sobrevida em longo prazo. Estudos futuros sobre câncer de esôfago devem determinar qual subgrupo de pacientes que poderiam se beneficiar da linfadenectomia profilática cervical.

Palavras-chave

Esofagectomia, Neoplasias de esôfago, Linfonodos

Área

Trato gastrointestinal alto

Autores

LETÍCIA NOGUEIRA DATRINO, CLARA LUCATO DOS SANTOS, GUILHERME TAVARES, LUCA SCHILIRÓ TRISTÃO, MARINA FELICIANO ORLANDINI, MARIA CAROLINA ANDRADE SERAFIM, VICTORIA ANDRADE MODESTO, WANDERLEY MARQUES BERNARDO, FRANCISCO TUSTUMI