Dados do Trabalho
Título
ESOFAGECTOMIA TRANSHIATAL POR NEOPLASIA DE ESÔFAGO EM PACIENTE PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO- À PROPÓSITO DE UM CASO
Apresentação do caso
Paciente J.M.A.B., feminina, 60 anos, história prévia de etilismo e cirrose hepática de etiologia alcoólica (CHILD B). Realizou endoscopia digestiva em 07/06/2019 com lesão esofágica aos 30cm da ADS, sugestiva de ulceração pós ligadura elástica prévia por varizes, cujo laudo anatomopatológico não evidenciava neoplasia. Foi submetida em 25/06/2019 à transplante hepático de doador cadáver devido à critério especial por síndrome hepatopulmonar. Com 30 dias de pós-operatório realiza nova endoscopia na qual há permanência da lesão ulcerada na topografia descrita e cuja biópsia demonstrou carcinoma pouco diferenciado do esôfago (cT2cN0cM0). Assim, foi indicado tratamento neoadjuvante aos moldes do Protocolo CROSS. Após 12 semanas do término da neoadjuvância, foi realizada esofagectomia transhiatal. A paciente recebeu alta no 16º dia pós- operatório, sem complicações cirúrgicas. O resultado anatomopatológico demonstrava downstaging, com lesão residual (ypT1a ypN0 M0). Mantemos acompanhamento ambulatorial com a paciente com sobrevida de 18 meses até o momento.
Discussão
Indicamos a técnica transhiatal por acreditar que, devido ao transplante prévio, a parte abdominal do procedimento poderia ser um fator limitante e que demandaria maior tempo. Ademais, a anatomia modificada pelo transplante e as inúmeras aderências são fatores que podem levar à lesão inesperada do tronco gastroepiplóico, o que inviabiliza a reconstrução com tubo gástrico. Assim, a possibilidade de uso do cólon para reconstrução do trato intestinal foi aventada pela equipe, corroborando a escolha pela via abdominal como via de acesso. Destaca-se ainda o fato de não utilizarmos rotineiramente manobra de Kocher para mobilização gástrica, otimizando o tempo cirúrgico e diminuindo o risco de trauma à arcada gastroepiplóica, por prescindir de lise de aderências nesta região
Comentários Finais
Apesar da história prévia de cirrose, neoplasia de esôfago e duas cirurgias de grande porte devido à essas comorbidades, a paciente encontra-se em seguimento sem evidência de neoplasia até o momento. Acreditamos que a técnica relatada é a opção cirúrgica preferencial a ser considerada em casos análogos.
Palavras-chave
PALAVRAS- CHAVE: Neoplasia de Esôfago; transplante hepático
Área
Trato gastrointestinal alto
Autores
CASSIO BONA ALVES, PLAUTO ERASMO BECK, RAFAEL SEITENFUS, EDUARDO DIPP DE BARROS, RODRIGO GARCIA BARRETO LUZ