Dados do Trabalho
Título
Ruptura espontânea como primeira apresentação clínica de carcinoma hepatocelular: relato de caso
Apresentação do caso
Paciente masculino, 59 anos, previamente hígido, se apresentou ao serviço de emergência com queixa de dor abdominal localizada em hipocôndrio direito, de forte intensidade e de início agudo, hipotensão e quadro convulsivo súbito. Realizou tomografia computadorizada de abdome que evidenciou lesão hepática expansiva de 10,9 x 8,9 cm de etiologia a esclarecer e presença de líquido denso hemorrágico em cavidade abdominal. O paciente foi submetido à laparotomia exploradora e no intraoperatório, foi constatado que o líquido era proveniente da lesão hepática visualizada na tomografia, procedendo-se à estabilização do sangramento e coleta de biópsia da lesão. O laudo anatomopatológico da lesão biopsiada evidenciou um carcinoma de células hepáticas moderadamente diferenciado e a imuno-histoquímica revelou que se tratava de um hepatocarcinoma. Após estabilização do quadro do paciente, este foi encaminhado para acompanhamento com equipe de oncologia clínica e cirúrgica. Realizou quimioembolização com redução das dimensões tumorais, foi submetido à ressecção cirúrgica do tumor e mantém o seguimento.
Discussão
O carcinoma hepatocelular é o tumor primário mais comum do fígado. Em geral os pacientes manifestam dor abdominal em quadrante superior, emagrecimento, hiporexia, adinamia, ascite e icterícia. É um tumor agressivo e que pode gerar complicações como insuficiência hepática e sangramento intraperitoneal derivada de ruptura do tumor. A rotura do carcinoma hepatocelular é uma complicação grave e rara. Quando espontânea, corresponde à terceira causa de morte por esse tipo de tumor, com alta taxa de mortalidade intra-hospitalar, chegando a 75% dos casos. A apresentação clássica desse quadro é a dor abdominal aguda associada a distensão abdominal e instabilidade hemodinâmica, podendo também apresentar insuficiência hepática aguda.
Comentários Finais
Como primeira apresentação clínica do paciente, a ruptura espontânea é atípica e ainda mais rara. Esse tumor costuma se apresentar com sintomas menos agudos, variados e por vezes inespecíficos, e algumas vezes é diagnosticado através de rastreio com exames de imagem e dosagem de alfa-fetoproteína em pacientes cirróticos. A melhor terapêutica nesse cenário ainda é incerta e preconiza-se a individualização da abordagem conforme a estabilidade hemodinâmica, função hepática subjacente, estadiamento do tumor e da viabilidade da ressecção cirúrgica.
Palavras-chave
Carcinoma hepatocelular; Ruptura espontânea; Apresentação atípica;
Área
Tumores hepatobiliopancreáticos
Autores
DANIELLE REDIESS BONOW, AMANDA DA SILVA ANJOS, FILIPE VIEIRA KWIATKOWSKI, RAFAEL VIEIRA KWIATKOWSKI, ISADORA SPINELLI, SABINE TRIGUERO TEIXEIRA, RAFAELA CÁSSIA DA CUNHA PEDROSO