Dados do Trabalho
Título
Mucocele do Apêndice Cecal: Relato de Caso
Apresentação do caso
Paciente masculino, 44 anos, previamente hígido, procurou o serviço médico relatando dor em flanco direito, de início há uma semana. Ao exame físico inicial apresentava-se em bom estado geral, com dor à palpação profunda de fossa ilíaca direita (FID) mas sem dor à descompressão brusca. O ultrassom (US) de abdome total evidenciou formação cística ovalada de paredes finas e conteúdo hipoecóico e heterogêneo, medindo 9,2 x 2,9 x 4,0 cm (L x AP x AT) em FID. Na tomografia computadorizada (TC) de abdome total evidenciou-se distensão mucóide do apêndice cecal com calibre de 3,5 cm e finas calcificações parietais compatíveis com mucocele.
Assim, realizou-se apendicectomia e enterectomia via convencional, optando por ressecção do ceco distal para margem de segurança. O exame histopatológico apontou neoplasia mucinosa apendicular de baixo grau com medidas 7,2 x 4,8 x 4,8 cm. A margem distal do ceco estava livre de neoplasia. Após a ressecção, o paciente evoluiu satisfatoriamente e foi liberado para acompanhamento.
Discussão
Mucoceles apendiculares consistem em dilatação do apêndice vermiforme devido ao acúmulo anormal de muco em seu lúmen. Sua associação com as neoplasias mucinosas apendiculares (NMA) é rara, com incidência de 0,12 casos por 1 milhão de indivíduos ao ano.
As NMA têm maior incidência entre a quinta e sexta década de vida e o diagnóstico costuma ser incidental e tardio, devido a sua clínica inespecífica. Entre seus diagnósticos diferenciais, estão: apendicite, cisto mesentérico ou de duplicação e massas anexiais.
O diagnóstico definitivo é feito por análise histopatológica, mas há algumas alterações sugestivas em exames de imagem. Na TC, as NMA diferenciam-se dos abscessos pela presença de calcificações na parede do cisto. No US, diferenciam-se da apendicite pela ausência de espessamento da parede apendicular >6mm.
Não há consenso quanto ao procedimento cirúrgico ideal, mas a apendicectomia permanece o mais recomendado. Indica-se a via laparotômica em detrimento da laparoscópica pelo risco de disseminação por ruptura do apêndice.
A extensão cirúrgica deve ser orientada pelo diagnóstico patológico e considerar diferentes fatores, como: tamanho do tumor, localização, acometimento regional, estado das margens e o relatório final da patologia.
Comentários Finais
O objetivo deste relato de caso é revisar a literatura, discutir uma conduta cirúrgica mais adequada perante a NMA e atentar a importância dessa patologia nos diagnósticos diferenciais de dor abdominal inespecífica.
Área
Tumores colorretais e canal anal
Autores
JORGE DELORENZO FILHO, BRAULIO SAMBAQUY ESCOBAR, LETICIA DOMINGOS RONZANI, ERICK HONORATO BAGIO, MARIA EDUARDA COELHO MAIA, JULIA TEODORO STUEPP, LUIZ HENRIQUE LOCKS, JAQUELINE DAROLT