XV Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: ÚLCERA DE MARJOLIN EM DORSO

Apresentação do caso

Masculino, 56 anos, portador de HAS e DM sem tratamento, veio encaminhado ao serviço de oncologia devido à lesão ulcerada em dorso, medindo aproximadamente 20 x 15 cm, de crescimento rápido nos últimos meses, que apresentava tecido de granulação, pontos com presença de fibrina e exsudato purulento.
O paciente relatou que sofreu uma queimadura em dorso na infância. Na primeira consulta já possuía anatomopatológico da lesão demonstrando carcinoma de células escamosas invasor, bem diferenciado, sugerindo diagnóstico de úlcera de Marjolin (UM). Foi solicitado tomografia de tórax que evidenciou um nódulo pulmonar em base direita medindo 4mm de característica indeterminada. Tomografia de crânio, abdome e pelve sem alterações.
O paciente em questão foi submetido à ressecção da lesão em dorso até a fáscia muscular, com margens de segurança, pela equipe de cirurgia oncológica. Após, a equipe de cirurgia plástica realizou um enxerto livre de pele com a face posterior da perna esquerda como área doadora e instalação de curativo a vácuo a ser retirado após 5 dias.

Discussão

A UM é uma degeneração maligna, do tipo carcinoma de células escamosas, que se desenvolve em lesões crônicas, principalmente de cicatriz de queimaduras, mas também de úlceras de pressão, venosa, diabéticas, tecidos irradiados, fístulas e osteomielite.
O percentual de cicatrizes que sofrerão degeneração é de 2%, com tempo médio de latência de 30 anos. Os tumores com evolução mais agressiva tendem a maior probabilidade de recorrência local e metástases para linfonodos. Os carcinomas invasivos na maioria das vezes são assintomáticos, mas podem ser dolorosos, pruriginoso ou sangrantes.
Lesões que não cicatrizam, ulcerativas ou endurecidas que aparecem em uma feridas crônicas, especialmente proveniente de queimaduras, ou cicatrizes devem levantar a suspeita de degeneração maligna em UM.

Comentários Finais

As UM não apresentam um protocolo de tratamento definitivo. Entre as opções de tratamento mais amplamente aceitas estão a cirurgia de Mohs, excisão local ampla com margens de 1 a 2 cm com enxerto de pele e amputação proximal à lesão, sendo necessário o monitoramento para metástases e recorrências.
Por fim, embora a UM seja uma patologia rara, médicos devem prestar muita atenção a todas as cicatrizes antigas em exames físicos de rotina e observar cuidadosamente as alterações das consultas anteriores para diagnosticá-las precocemente.

Área

Oncologia Cutânea

Autores

JORGE LUIZ DELORENZO, BRAULIO SAMBAQUY ESCOBAR, MARIA EDUARDA COELHO MAIA, ERICK HONORATO BAGIO, JULIA TEODORO STUEPP, GEOVANA ELIZABETH MIOTTO, LUIZ HENRIQUE LOCKS