Dados do Trabalho
Título
Cirurgia Citorredutora com Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica para Pseudomixoma Peritoneal: um desafio no âmbito do Sistema Único de Saúde
Introdução
Pseudomixoma peritoneal (PMP) é uma condição rara, com incidência estimada entre 1 e 4 pessoas por milhão. É caracterizada por implantes mucinosos na cavidade peritoneal, normalmente secundários à ruptura de neoplasias mucinosas de apêndice, sendo menos comuns outras neoplasias mucinosas do trato gastrintestinal ou de ovário como origem. Costuma ser diagnosticado em estádios avançados, muitas vezes acidentalmente em procedimentos de investigação nas regiões abdominal e pélvica. O tratamento de escolha é cirurgia citorredutora (CCR) e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC). No entanto, o acesso a essa operação no SUS ainda é um desafio e os dados sobre a doença no Brasil são insuficientes.
Objetivo
O presente trabalho busca mostrar a eficácia do tratamento com CCR e HIPEC em contraste com a falta de acesso no SUS, além da falta de dados epidemiológicos relacionados ao PMP no Brasil.
Método
Foi realizada revisão bibliográfica na base de dados PubMed/Medline, além de consulta no Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) do Instituto Nacional do Câncer e plataforma DATASUS.
Resultados
O tratamento tradicional se dava com repetidas laparotomias e ressecções paliativas, com sobrevida em 10 anos de apenas 32% para PMP de baixo grau. Com a introdução da CCR, compreendendo peritonectomias e ressecções viscerais (visando a remoção da doença macroscópica), junto com a HIPEC (tratamento da doença microscópica), o prognóstico mudou consideravelmente: estudos retrospectivos com mais de 200 pacientes mostram a sobrevida global em 5 anos variando entre 68% e 84%. Em maio de 2020, um relatório do Ministério da Saúde recomendou a incorporação dos procedimentos ao SUS após análise de sua eficácia. Contudo, isso ainda não faz parte da rotina de hospitais públicos e sequer consta na lista de procedimentos hospitalares do DATASUS. Ademais, o pseudomixoma peritoneal se mostra uma doença subnotificada, com registro de apenas 15 pacientes entre 1988 e 2018 em todo o país, segundo dados do RCBP, em contraste com os dados estimados de incidência internacional.
Conclusão
O presente cenário evidencia a necessidade de um sistema de dados melhor estruturado sobre os casos de pseudomixoma peritoneal, para um melhor conhecimento sobre a realidade epidemiológica brasileira. Tais dados fortaleceriam as evidências para a já tão necessária implementação prática da CCR com HIPEC no SUS, dada sua comprovada eficácia e impacto na sobrevida desses pacientes.
Palavras-chave
Procedimentos Cirúrgicos de Citorredução; Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica; Sistema Único de Saúde
Área
Cirurgia Citorredutora / HIPEC
Autores
DAVI TEIXEIRA MACEDO, FELIPE DIAS GONÇALVES, PAULO HENRIQUE SILVA NUNES, CLARICE SAMPAIO TORRES, GABRIEL GUEDES CARDOSO, LAIS DOS SANTOS, KEVYN ALISSON NASCIMENTO GURGEL, ANA CAMILA XAVIER LOPES, DIEGO COSTA ALMEIDA, MARCELO LEITE VIEIRA COSTA