XV Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica

Dados do Trabalho


Título

A quimioterapia pré-operatória é melhor estratégia que a cirurgia de princípio no câncer gástrico cT4.

Introdução

O câncer gástrico (CaG) T4 é o extremo da invasão local e constitui um desafio terapêutico. Embora, no ocidente, a terapia multimodal (TMM) com quimioterapia seguida de cirurgia seja recomendada no CaG avançado, as lesões T4 são habitualmente indicadas para cirurgia de princípio, uma vez que se associam a sintomas como sangramento, dor e obstrução. Atualmente, a escassez de dados e a baixa qualidade destes, não permite inferir se a quimioterapia pré-operatória é uma estratégia melhor no CaG T4 do que a cirurgia de princípio.

Objetivo

O objetivo primário é avaliar a melhor opção terapêutica no CaG cT4 (quimioterapia pré-operatória versus cirurgia de princípio).

Método

Pacientes com adenocarcinoma gástrico estadiados como cT4 e que receberam cirurgia com intuito curativo foram incluídos. Eles foram divididos conforme o tratamento inicial: cirurgia de princípio (CIR) ou quimioterapia pré-operatória (QT+CIR). O desfecho primário foi a sobrevida global (SG).
Pacientes com cirurgia de urgência ou paliativa foram excluídos.
A quimioterapia pré-operatória foi variável dicotômica (recebeu ou não), independente do esquema, ter recebido a dose pretendida ou da proposta (neoadjuvante, peri-operatória, conversão). Radioterapia hemostática não foi considerada como tratamento pré-operatório.

Resultados

De 1.330 pacientes com CaG operados, 685 foram com intuito curativo. Desses 266 foram estagiados como cT4, sendo 150 no grupo CIR e 76 no QT+CIR. No grupo CIR, 95 receberam adjuvância. Os grupos foram equivalentes em relação à idade, comorbidades, ASA, hemoglobina, albumina, gastrectomia e linfadenectomia realizadas. O grupo QT+CIR teve menos linfonodos acometidos e pTNM menores. A mortalidade em 30 dias foi de 5,3 e 2,6% (p = 0,35), a SG mediana foi 32 e 58,5 meses, respectivamente (p = 0,04). Aqueles que receberam TMM (perioperatório ou adjuvante) (n: 174) tiveram SG mais longa que os com cirurgia isolada (49,4 vs 15,9 meses, p < 0,001), sendo equivalente a SG entre os que receberam quimioterapia antes e após a cirurgia. A sobrevida livre de doença mediana para cirurgia isolada foi de apenas 4,5 meses. Ausência de TMM, pN+ e ressecção R1 foram fatores independentes de risco para menor SG.

Conclusão

O TMM e não o momento deste em relação à cirurgia é fator prognóstico determinante no CaG cT4. A tolerância à adjuvância é reduzida após a cirurgia interferindo na sobrevida dos operados de princípio. A quimioterapia pré-operatória é estratégia melhor para o CaG cT4 do que a cirurgia de princípio.

Palavras-chave

Câncer gástrico, T4, tratamento multimodal, quimioterapia

Área

Trato gastrointestinal alto

Autores

ANDRE RONCON DIAS, MARINA ALESSANDRA PEREIRA, MARCUS KODAMA RAMOS, ULYSSES RIBEIRO JR, BRUNO ZILBERSTEIN, SERGIO CARLOS NAHAS