Dados do Trabalho
Título
Ingestão de múltiplos corpos estranhos com achado de corpo estranho em vesícula biliar
Apresentação do Caso
Masculino, 26 anos, encaminhado para avaliação da equipe de cirurgia geral após ingesta, em dias diversos, de cerca de 30 pregos. Acompanhante do paciente relatou episódios prévios de ingesta de objetos cortantes - pregos, agulhas, lâminas de barbear. Paciente relatava dor abdominal, vômitos e negou evacuações no período.
Antecedentes de esquizofrenia e epilepsia, referindo acompanhamento psiquiátrico e tratamento regular na cidade de origem. História de duas laparotomias exploradoras prévias pelo mesmo motivo. Ao exame paciente estava estável hemodinamicamente, com dor abdominal a palpação mas sem sinais de peritonite.
Foi realizada tomografia computadorizada de abdome e identificados “vários objetos metálicos pontiagudos (pregos?) em alças duodeno-jejunais, sem sinais de perfuração e outras imagens metálicas semelhantes em vias biliares intra-hepáticas no lobo esquerdo do fígado e no interior da vesícula biliar. Indicada laparotomia exploradora.
Na laparotomia exploradora, foram identificados corpos estranhos (pregos) a aproximadamente 50 centímetros e a 20 centímetros do ângulo de Treitz, sendo realizada abertura longitudinal e retirados pregos nestas topografias. Durante o procedimento foi realizada escopia e identificado um prego em topografia de segunda porção duodenal, além de corpo estranho na vesícula biliar. Realizada abertura do estômago próximo ao fundo gástrico, com ordenha duodenal e retirada do prego, e colecistectomia, sendo identificada agulha e cálculos após abertura da vesícula biliar.
Paciente apresentou boa evolução clínica, com uso de inibidor de bomba de prótons, antibioticoterapia, e de dieta com boa aceitação. Devido ao quadro psiquiátrico, foi encaminhado para internação em clínica psiquiátrica.
Discussão
O diagnóstico é de suspeição principalmente quando há história positiva para a ingestão de corpo estranho, sendo a clinica apresentada pelo paciente personalizada para cada tipo de objeto ingerido. O exame físico pouco contribui para o diagnóstico, a não ser, em caso de complicações ou quando a eliminação dos objetos não ocorrerá de forma espontânea e com risco de perfuração, como no caso exposto.
Comentários finais
O manejo da ingesta de corpos estranhos geralmente não faz com que intervenções sejam necessárias, 80 a 90% das vezes os corpos estranhos progridem pelo tubo digestivo. Em 10 a 20% dos casos, a intervenção endoscópica se faz necessária e em menos de um por cento das vezes é necessário um procedimento cirúrgico.
Palavras-Chave
Corpo estranho em trato gastrointestinal
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Dinoel Cavalcante Guimarães FILHO, CINTHIA YOSHIMURA BRITO, Alan Kagan, Alef Ribeiro Souza , Carlos Eduardo Teixeira, Ednelson Junio Lustosa Nascimento, Karinne Naara Matos Barros, Gustavo Aguilar Alvarenga Amorim, Thamine Mesquita Vale , Lorrayne Silva Pequeno , Victoria Reis Silva, Heloísa Soares Rodrigues Silva , Bianca Alves Siqueira