Dados do Trabalho
Título
DOENÇA DE CROHN GASTRODUODENAL E JEJUNAL: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Feminino, 22 anos, com queixa de epigastralgia e regurgitação há 5 anos, sem melhora após uso de pantoprazol. Cursou com náuseas, vômitos, febre diária e perda ponderal de 15kg em 3 meses. Fezes sem alterações. Na investigação laboratorial, observava-se anemia (Hb 9,4g/dL), leucocitose (10.490/mm3), plaquetose (624.000/mm3) e provas inflamatórias elevadas (VHS 120mm e PCR 42mg/L). Apresentava também ferropenia e hipoalbuminemia. Sorologias virais negativas. Endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciou área de deformidade em antro de aspecto infiltrativo, além de estenose duodenal; anatomopatológico revelou gastrite crônica moderada de antro com atividade neutrofílica moderada a intensa, negativa para Helicobacter pylori, e duodenite crônica moderada ulcerada, com reação granulomatosa focal, não-supurativa e não-necrosante, negativas para BK e infecção fúngica. A imunoistoquímica afastou neoplasia. Colonoscopia normal. Na enterorressonância, observou-se espessamento parietal com realce mucoso na primeira e segunda porção duodenal, promovendo estreitamento, de alças ileais e da transição jejuno-ileal. Realizado diagnóstico de doença de Crohn com localização gastroduodenal e jejunal e comportamento estenosante. Iniciada terapia com azatioprina e infliximabe, com melhora clínica e laboratorial nos primeiros 7 meses. No entanto, evoluiu com obstrução gastroduodenal e necessidade de tratamento cirúrgico com gastroenteroanastomose com Y de Roux. Mantida terapia medicamentosa inicial, com boa evolução clínica e ganho ponderal expressivo.
Discussão
A doença de Crohn (DC) é uma doença crônica de causa desconhecida, que pode afetar qualquer região do trato gastrointestinal, porém, o intestino é o órgão mais envolvido. Quando acomete o trato gastrointestinal superior, quase sempre virá acompanhada de envolvimento intestinal. Os sintomas mais comuns são diarreia, dor abdominal e perda ponderal. Mas, sintomas dispépticos e vômitos são descritos em pacientes com envolvimento gástrico e duodenal. O diagnóstico é feito através da história clínica e investigação radiológica, endoscópica, histológica e laboratorial. Pacientes com sintomas dispépticos, vômitos e dor abdominal se beneficiam da EDA, uma vez que até mesmo o achado de gastrite focal pode ser uma apresentação da DC.
Comentários finais
Devemos considerar a possibilidade da DC nos quadros de dor abdominal crônica sem diarreia, sobretudo, naqueles pacientes jovens que apresentam sinais de alarme como perda ponderal, anemia e carências nutricionais.
Palavras-Chave
Doença de Crohn, dor abdominal, vômitos, anemia, estenosante.
Área
Gastroenterologia - Estômago/Duodeno
Autores
Mariana Alves Nascimento, Andréa Maia Pimentel