Dados do Trabalho
Título
TRAUMA ESPLÊNICO SECUNDÁRIO A COLONOSCOPIA: RELATO DE COMPLICAÇÃO RARA DO PROCEDIMENTO
Apresentação do Caso
Paciente de 69 anos, admitido com quadro de dor abdominal intensa de início após colonoscopia para rastreio de câncer colorretal, realizada 24 horas antes da admissão. Evolui com instabilidade hemodinâmica associado a peritonite franca, com ultrassonografia evidenciando moderada quantidade de líquido livre e formação expansiva compatível com hematoma esplênico. Submetido a laparotomia exploradora com achado de lesão esplênica grau IV associada a hemoperitôneo maciço. Não há relato de trauma, lesão primária esplênica, uso de anticoagulantes ou outras queixas. Paciente foi submetido a esplenectomia, evoluindo de forma satisfatória e recebendo alta em terceiro dia pós operatório.
Discussão
O uso crescente da colonoscopia como método diagnóstico e terapêutico, facilita a identificação de doenças colorretais e a investigação de sinais e sintomas intestinais, porém esse procedimento pode gerar complicações, que variam de dor e distensão abdominal a perfuração e hemorragia graves.
Lesões viscerais extra-colônicas, como a ruptura esplênica são extremamentes raras e pouco descritas na literatura. A lesão esplênica pós-colonoscopia ainda que não esteja entre as principais complicações do procedimento é considerada rara e potencialmente fatal, com taxa de mortalidade em torno de 5%. Seu mecanismo pode ser decorrente de trauma direto ou por excessiva tração do ligamento esplênico cólico, resultando em avulsão da cápsula esplênica e lesão parenquimatosa. Fatores de risco descritos são: sexo feminino, idade avançada, diminuição da mobilidade do cólon ou do baço por aderências, muitas vezes secundárias a cirurgias prévias ou processos inflamatórios locais, presença de esplenomegalia e anticoagulação. Os sintomas surgem nas primeiras 24 horas, porém uma minoria dos pacientes podem manifestar os sintomas até 10 dias após o procedimento.
A tomografia de abdômen se mostrou o exame mais sensível no diagnóstico desta complicação e o manejo segue as orientações para trauma esplênico, necessitando de esplenectomia na maioria dos casos.
Comentários finais
O aumento da acessibilidade a métodos invasivos como a colonoscopia tem permitido um grande avanço no diagnóstico precoce e tratamento de lesões colorretais, porém não é isento de riscos. O conhecimento e agilidade na detecção e tratamento de complicações graves, como no caso em questão, é fundamental para a segurança do paciente e do procedimento.
Palavras-Chave
Colonoscopia, Trauma esplênico, Endoscopia digestiva
Área
Endoscopia - Colonoscopia
Autores
José Arthur Dantas Balduíno, Francisco Ronaldo Gomes Gadelha, Antonio de Sá Barreto Gondim Neto, João Antonio Ayres da Motta Teodoro, Ylanna Suimey da Silva Bezerra Gomes Gadelha, Citânia Cordeiro da Nóbrega, Barbara de Melo Balbino Bezerra, Nefertite Augusta Guimarães de Oliveira, Júlia Diniz de Souza, Samara Rayssa da Silva Mandu, Rodrigo Cartaxo Eloy de Souza, Arthur Felipe da SIlva Mota