XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ASPECTOS GINECOLÓGICOS DA PACIENTE COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL

Introdução

A doença inflamatória intestinal (DII), que abrange a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa, é caracterizada pela inflamação crônica em vários locais do trato gastrointestinal. A incidência é maior no sexo feminino e as DII afetam a vida sexual, gravidez e incidência de infecções ginecológicas.

Objetivo

Analisar o impacto das DII e de seu tratamento abordando o aspecto ginecológico das pacientes.

Método

Foi realizado um estudo transversal descritivo com aplicação de questionários e revisão de prontuários das pacientes estudadas. Foram aplicados os questionários validados Escala de Autoestima de Rosenberg e Quociente sexual feminino (QS-F) e um questionário clínico-demográfico.

Resultados

Foram estudadas 52 mulheres, com média de idade de 44,1± 13,5 anos, 69% tinham retocolite ulcerativa e 31% doença de Crohn; 67% eram tratadas com aminossalicilatos e 38% com azatioprina. Metade delas já havia apresentado infecção ginecológica, sendo que dessas, 81,5% relataram ter tido candidíase. Câncer de colo uterino e mama foi reportado em 3,8% e 1,9% dos casos, respectivamente. Quatro mulheres (7,7%) relataram úlcera em vulva, porém apenas uma foi informada pelo médico de que poderia ser manifestação da DIl. Dentre as 43/52 (82,7%) que já haviam engravidado, 30,2% já possuíam o diagnóstico de DII na época da gestação, 4,7% foram diagnosticadas no período gestacional; 45,8% relatou piora sintomática durante o mesmo. Complicações durante a gestação ocorreram em 35,1% dos casos, sendo os achados mais frequentes a prematuridade (37,5%) e a Doença Hipertensiva Específica da Gestação (25%). Das 13 (30,2%) mulheres que relataram perda do concepto, 69,2% foram aborto espontâneo. A análise do QS-F indicou que 33% das respondentes apresentou desempenho desfavorável a regular e 6% nulo a ruim. A Escala de Autoestima de Rosenberg indicou que 18% tinham baixa autoestima. Nenhuma mulher com autoestima normal apresentou desempenho sexual nulo a desfavorável. Adicionalmente, foi constatado um déficit no acompanhamento ginecológico das pacientes com DII e algumas delas foram encaminhadas ao serviço de ginecologia.

Conclusão

O estudo evidenciou alta prevalência de infecções ginecológicas, complicações na gravidez e piora sintomática da DII durante a gestação nas mulheres com DII. Além disso, foi observada alta taxa de disfunção sexual e associação entre pior desempenho sexual e baixa autoestima.

Palavras-Chave

Colite ulcerativa; Doença de Crohn; Doenças inflamatórias
intestinais; Fertilidade; Ginecologia; Doenças dos genitais femininos; Autoimagem;
Sexualidade

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Odery Ramos Junior, Raquel Aguirra De Moraes, Anna Victoria Raymundo Grycajuk, Renato Nisihara