XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

FÍSTULA LINFÁTICA RETROPERITONIAL PÓS-ESPLENECTOMIA

Apresentação do Caso

MC, 50 anos, sexo feminino, DRC estágio V em diálise.
Paciente relata que 4 anos atrás, realizou esplenectomia para tratamento de anemia, como parte do pré operatório de transplante renal. Uma semana após alta hospitalar, chegou ao serviço de urgência, queixando-se de dor abdominal em hipocôndrio esquerdo, febre e calafrios. A tomografia computadorizada evidenciou abscesso retroperitoneal, o qual foi drenado após ser realizada a hipótese diagnóstica de psoíte.
Refere ainda, que o mesmo quadro a levou à internação, aproximadamente, 20x nos últimos 4 anos.
No 17o dia da internação atual, foi realizada linfangiografia a qual evidenciou fístula linfática retroperitoneal à esquerda.
O tratamento foi realizado com drenagem percutânea de abscesso e esclerose com azul de metileno.

Discussão

Nesse caso, vemos uma paciente em uma sequência de internações e quadro clínicos semelhantes sem esclarecimento da causa base.
Em meio às investigações e discussões, a fístula linfática foi sugerida, apesar de não ser o quadro clínico mais comum. Assim, foi realizada a linfangiografia, a qual confirmou a fístula do mesmo lado dos abscessos repetidos.
As complicações cirúrgicas linfáticas são incomuns, mas a fístula linfática é a forma mais comum.
Na maioria das vezes, surge como quilo retroperitônio, quilotórax, ou quiloperitônio, a depender do local da fístula. Quando no espaço peritoneal, surge com distensão abdominal, dor, náuseas e vômitos. Tende a causar déficits nutricionais e imunes, pelo alto conteúdo de triglicerídeos e na maioria das vezes é estéril.
Já o quilo retroperitônio é mais raro, sendo muitas vezes diagnosticado com tomografia computadorizada e apresentando menor volume, o que restringe a perda de triglicerídeos e os déficits decorrentes, também sendo estéril.
Ainda não se sabe o melhor tratamento para essa condição, porém a associação de drenagem percutânea com o uso de agentes esclerosantes é uma das técnicas usadas e tem mostrado bons resultados.

Comentários finais

Por fim, percebe-se que buscar a causa base de infecções de repetição é essencial. Nesses casos, abrir o leque de diagnósticos diferenciais se torna primordial, fazendo-nos considerar hipóteses menos prováveis.
No caso acima, há um diagnóstico raro e com apresentação atípica. A hipótese de fístula linfática foi aventada apenas após muita discussão, o que retardou a resolução do problema.
Contudo, a paciente foi tratada e não voltou a ter episódios parecidos.

Palavras-Chave

Fístula linfática; fístula retroperitonial; abscesso retroperitonial; abscesso; psoíte

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Lucas Martins Carlos Silva, Thiago Santos Cunha Lima, Tainah Bezerra Varela Câmara, Roberto Rômulo Medeiros Souza, Rodrigo Azevedo Oliveira, Silvio José Lucena Dantas