XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tratamento endoscópico de fístula bileo-pleural pós trauma abdominal fechado

Apresentação do Caso

Paciente do sexo masculino, 30 anos de idade, admitido por trauma abdominal fechado com lesão hepática grau IV associada a lesão diafragmática.
Submetido a hepatorrafia em lobo direito, frenorrafia e drenagem torácica direita, com evolução grave em pós-operatório. No oitavo dia, evoluiu com saída de secreção biliar por dreno torácico, confirmada com dosagem de bilirrubina > 40 em líquido pleural. Submetido a Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), com achado de fístula biliar de origem em ramo biliar posterior direito e tratada com papilotomia e passagem de prótese.
Evoluiu com diminuição do débito de dreno torácico e parada da saída de bile pelo tórax em torno do quarto dia pós operatório.

Discussão

Fistula broncobiliar é uma condição rara, que se caracteriza pela comunicação da via biliar com a árvore brônquica. Causas obstrutivas e neoplásicas sendo as mais comuns, com cerca de 2/3 dos casos, porém podem ser traumáticas e até congênitas.
A fístula toracobiliar, seja ela broncobiliar ou bileopleural, pós-traumática é uma complicação rara de trauma toracoabdominal, com incidência maior em pacientes jovens, do sexo masculino e em traumas penetrantes. A apresentação mais comum é através de derrame pleural de aspecto bilioso, podendo haver ainda bilioptise em casos de fístulas brônquicas associadas.
O tratamento inicial é a drenagem adequada da via biliar com stents apropriados inseridos tanto por via endoscópica como por via transparietohepática com o objetivo de reduzir a pressão biliar e consequentemente o extravasamento de bile. O tratamento cirúrgico deve ser reservado para os casos de falha do tratamento conservador.
O diagnóstico precoce de FBP é crucial no manejo dessa condição, evitando agravamento do quadro e complicações. A ultrassonografia abdominal e a tomografia computadorizada não delineiam a presença e localização de fístulas também, mas podem ajudar na detecção de drenagem de coleções. A CPRE é o exame de escolha para demonstrar o trato fistuloso, local do vazamento de bile e também para identificar e tratar obstruções distais que possam perpetuar a fístula.

Comentários finais

A fístula bileo-pleural é entidade rara, de tratamento desafiador mesmo em centros com grande experiência. O manejo por métodos minimamente invasivos deve ser tentado de forma prioritária em virtude da alta morbidade cirúrgica de abordagens toraco-abdominais combinadas, sendo o tratamento endoscópico com papilotomia e aposição de prótese alternativa eficiente em casos selecionados.

Palavras-Chave

Fistula biliar; Colangiopancreatografia retrógrada endoscopica, trauma abdominal

Área

Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada

Autores

José Arthur Dantas Balduino, Jessé Clementino de Araújo Filho, Victor Emanoel Gregorio de Andrade, João Antonio Ayres da Motta Teodoro, Antonio Mario Duarte Coelho da Paz Neto, João Antonio de Souza Lima Cabral, Luana Brito Leite Barbosa, Paula Rosemar Macedo Araújo, Zelia Gabriella Pereira Gonçalves, Marina Cesarino de Sousa Machado, Joao Pedro de Moraes Ferreira, Rodrigo Cartaxo Eloy de Souza