Dados do Trabalho
Título
Colangiopatia em pacientes com Covid-19: características clínicas e prognóstico
Introdução
A colangite esclerosante secundária, em pacientes críticos, representa uma grave complicação da Covid-19, com rápida progressão para cirrose biliar. A doença crítica, tratamento intensivo, isquemia, toxicidade (ketamina), alteração na composição biliar, colangite bacteriana e o próprio Sars-CoV-2 parecem ter papel no desenvolvimento da doença.
Objetivo
Descrever as características clínicas da Colangiopatia pós-Covid.
Método
As características dos participantes da pesquisa, dados relacionados à doença e tratamento e exames, foram recuperados do prontuário médico seguindo um protocolo predefinido.
Resultados
Foram avaliados 13 indivíduos, sendo 61,5% homens, com características em comum: Covid-19 grave, terapia intensiva prolongada, ventilação mecânica, FiO2 alta (FiO2 > 80% em 12/13 casos), PEEP alto, > 10 cmH2O, relação PaO2/FiO2 < 150, uso de ketamina, drogas vasoativas e pronação. Os níveis de FAL e GGT se mostraram mais elevados que nas demais hepatopatias colestáticas (FAL variou, em seu pico, entre 553,00 e 4332,00 média de 1045,83 UI/L)(GGT variou entre 1240 e 5220 média 3002 + 1113). A colestase se iniciou entre 9 e 68 dias e atingiu seu pico 104+61 dias após RT-PCR (+) para Sars-CoV-2. O pico de AST e ALT foi mais precoce e sua normalização mais frequente. Durante o “follow-up”, de 177+63 dias, houve progressão da colestase em 46,2% dos casos, estabilidade em 7,7%, melhora discreta em 15,4% e melhora nítida em 30,8%. Em 38,5% dos casos, houve evolução para doença hepática crônica avançada (varizes de esôfago, ascite e encefalopatia). Três (23,1%) foram a óbito, um paciente está em avaliação para transplante hepático e os demais em acompanhamento. Ressonância magnética de vias biliares foi feita em 11 (85%) casos. Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica foi realizada em 8 (61,5%) com drenagem de bile tumefacta formando um molde que reproduz a árvore biliar e sinais de rarefação das vias intra-hepáticas. Em 2 casos havia colangite bacteriana. Em um caso com biópsia hepática, havia ductos biliares com alterações reativas, destacadas por imunoistoquímica, colestase hepatocelular, canalicular e ductular, infartos biliares, necrose de hepatócitos de zona 3, fibrose perissinusoidal e portal.
Conclusão
A colangiopatia que ocorre após terapia intensiva prolongada foi identificada somente nos últimos anos, porém anteriormente à atual pandemia e pode explicar as lesões biliares em pacientes que sobreviveram à Covid-19 grave.
Palavras-Chave
Covid-19; Sars-CoV-2; Colangite Esclerosante Secundária; Paciente crítico
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Valéria Ferreira de Almeida e Borges, Helma Pinchemel Cotrim, Carlos Aristides Fleury Guedes, Juliana Salomão Daud, Victor Pereira Chaves, Mayra Machado Fleury Guedes, Frederico Chaves Salomão, Clícia Milena dos Santos, Edmar Silva de Araújo Júnior, Bianca Seixas Gonçalves, Matheus César Vieira Barros, Lucas Sicinato Silva, Haroldo Luis Oliva Gomes Rocha, Ulisses Corrêa Cotta , Tulio Augusto Alves Macedo