Dados do Trabalho
Título
LESÃO DUODENAL GRAVE SECUNDÁRIA À PERFURAÇÃO POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
GMF, masculino, 19 anos, apresentou lesão por PAF em FID. Admitido no serviço de pronto atendimento, taquipneico, hipóxico, estável hemodinamicamente, com ECG 15/15. Paciente foi submetido a laparotomia de urgência com rafia primária no ângulo de Treitz, jejuno, cólons transverso e descendente. No 3º DPO, apresentou-se hipotenso, taquicárdico, com vômitos borráceos e melena. Nova laparotomia identificou volumosa coleção intraperitoneal com coleperitôneo. Foram reparadas lesões na parede látero-posterior da 3ª e 4ª porções do duodeno e confeccionada uma jejunostomia. Necessitou de noradrenalina intraoperatória, sendo levado à UTI no pós-operatório imediato. Evoluiu com instabilidade hemodinâmica, hipercalemia grave, uremia e acidose metabólica, tendo sido indicado hemodiálise. No 7º DPO da segunda laparotomia, apresentou drenagem de secreção fecalóide, sendo necessária terceira laparotomia com duodenorrafia e peritoneostomia. No 5º DPO da terceira laparotomia, evoluiu com aumento da instabilidade hemodinâmica, discrasia sanguínea grave e parada cardiorrespiratória, evoluindo para óbito.
Discussão
Lesões duodenais pós trauma são incomuns (3 a 5%), porém estão associadas a altas taxas morbimortalidade e relacionada ao diagnóstico e tratamento tardios. Neste contexto, Lucas e Ledgerwood relatam uma taxa de mortalidade de até 40% em lesões duodenais. A complexidade do quadro também se deve à sua localização retroperitoneal, proximidade com estruturas abdominais nobres, presença de secreções digestivas em seu interior e à alta taxa de complicações (como fístulas e sepse)². A intervenção cirúrgica deve ser cuidadosamente avaliada, em especial em pacientes hemodinamicamente instáveis. A conduta depende da Classificação de Injúria Duodenal, descrita pela Associação Americana de Cirurgia do Trauma (AAST): em lesões moderadas e graves (Graus III a V), consideram-se diversas intervenções, desde rafias extensas e jejunostomia até duodenopancreatectomia⁵. Esse procedimento é de difícil execução e possui alta taxa de mortalidade (30 a 60%). É indicada em casos de tumores pancreáticos benignos e invasivos, pancreatite crônica e trauma complexo. A ressecção pode ser parcial (com preservação de piloro, estômago e segmento proximal do duodeno) ou total (cirurgia de Whipple)⁷.
Comentários finais
A abordagem de lesões duodenais traumáticas permanece controversa e complexa. Portanto, é essencial selecionar criteriosamente a estratégia terapêutica.
Palavras-Chave
Ferimentos por Arma de Fogo; Intestino Delgado; Perfuração Intestinal; Fístula;
Área
Cirurgia - Intestinos
Autores
Vinícius Gustavo de Carvalho Moura, Daniel Bitar Siqueira, Douglas Daniel Dophine, Elianara Tavares Martins, Fabrícia Aparecida Mendes de Souza, Gláucia Maria Senhorinha, Larissa Leite Vieira de Oliveira, Larissa Souza e Freitas, Mariana Vidal Montebeller, Marlúcia Marques Fernandes, Miriam de Cássia Souza, Petrônio Nilton de Miranda Júnior, Saulo da Silva Lima, Iure Kalinine Ferraz de Souza