Dados do Trabalho
Título
Achado incidental de Vesícula Biliar à Esquerda em Colecistectomia de urgência: Relato de caso
Apresentação do Caso
Paciente do sexo masculino, 50 anos, admitido com diagnóstico de Colecistite Aguda Litiásica e submetido a laparoscopia. Durante o procedimento, foi achado uma vesícula biliar de paredes espessadas, que estava aderida ao leito hepático do segmento III, apresentando implantação normal do ducto cístico, que cruzava anteriormente a via biliar junto ao infundíbulo da vesícula. O procedimento laparoscópico foi realizado sem intercorrências, todavia, o paciente evoluiu com Fístula Biliar de baixo débito que teve resolução espontânea, com retirada do dreno em 10 dias.
Discussão
A vesícula biliar localizada à esquerda é uma anomalia congênita rara, com incidência de 0,04% a 1,2%. Habitualmente, a mesma se posiciona à direita do ligamento redondo, entre os segmentos IV e V do fígado. Foram descritas na literatura 4 tipos de anomalias de posição da vesícula biliar: Intra-hepática; À esquerda; Retro-hepática; E transversa.
A vesícula esquerda é entidade rara de forma isolada, podendo estar relacionada a situs inversus. Existem duas variantes anatômicas da vesícula à esquerda: a) forma verdadeira, com a vesícula posicionada no lobo esquerdo do fígado, à esquerda dos liamentos redondo e falciforme, diferenciando-se quanto à implantação do cístico, que pode ser à esquerda ou em posição usual; b) a vesícula biliar localiza-se no lado esquerdo do ligamento redondo mas no lobo direito do fígado (quando o ligamento redondo é desviado para a direita).
Exames pré-operatórios usualmente falham no seu diagnóstico, como a ultrassonografia que tem apenas 2,7% de valor preditivo positivo para a detecção de vesícula à esquerda, tornando o encontro desta variação comumente incidental. Outras variações anatômicas vasculares e hepatobiliares podem estar associadas.
O risco de complicações em cirurgias que apresentam a vesícula à esquerda é 4,4% maior do que o de vesículas posicionadas em anatomia convencional. Portanto, é recomendada, quando possível, a realização de colangiografia pré-operatória para a melhor visualização do trajeto vascular diminuindo eventuais riscos e desfechos indesejados.
Comentários finais
A presença dessas raras variações pode ser desafiadora durante a colecistectomia laparoscópica e outros procedimentos cirúrgicos. É imprescindível o conhecimento da existência de variações anatômicas da vesícula biliar, assim como das variações de inserção do ducto cístico para evitar danos iatrogênicos ao trato biliar ou de estruturas vasculares.
Palavras-Chave
Colecistite aguda; Vesícula biliar; Vias biliares
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
JOSÉ ARTHUR DANTAS BALDUÍNO, Marcos André da Silveira Diniz, João Antonio Ayres da Motta Teodoro, Ana Lívia Dantas Balduíno Silva, Rodrigo Cartaxo Eloy de Souza, João Pedro de Moraes Ferreira, Adrian Henrique Linhares Fernandes de Sousa, Gustavo Oliveira Pereira de Melo, Igor Corrêa Paiva Lopes, Maria Eduarda Phaelante Brito Fagundes, Bruno Menezes Costa, Synara Nunes Medeiros de Souza