XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Avaliação da frequência de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) nos pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) de ambulatório de hospital terciário.

Introdução

Doença Inflamatória Intestinal (DII) é uma patologia inflamatória e crônica, semelhante à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Acredita-se que a disbiose presente é um importante mecanismo envolvido na patogênese de ambas as doenças, apesar de estes não serem ainda completamente elucidados. Estudos apontam crescente prevalência da DHGNA na população, mas poucos avaliam a prevalência desta em pacientes com DII. Como a DHGNA pode evoluir para esteato-hepatite, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, é necessário identificar os fatores de risco para seu desenvolvimento e complicações.

Objetivo

Avaliar a frequência de DHGNA nos pacientes com DII e identificar variáveis associadas.

Método

Estudo transversal, descritivo, com inclusão de 71 pacientes do ambulatório de DII de hospital terciário. Realizada avaliação clínica, laboratorial e ultrassonografia hepática. Critérios de exclusão: doença hepática concomitante, ingesta de álcool >30g/d para homens e >20g/dia para mulheres, uso de prednisona >20mg/dia. Estatística descritiva e testes de associação.

Resultados

Avaliados 34 (47,89%) portadores de DC e 37 (52,11%) de RCU, com idade média de 45,32±13,59 anos e 63,38% mulheres. A maioria encontra-se em remissão clínica e endoscópica. Os principais medicamentos utilizados pelos pacientes são azatioprina (46,48%), infliximabe (40,85%) e salicílicos (28,17%). 32 (45,07%) pacientes apresentaram DHGNA, sem diferença entre DC e RCU (p=0,7469). O grau de esteatose foi leve (40,63%), moderado (40,63%) e intenso (18,65%). As variáveis associadas com presença de DHGNA foram IMC (29,49±3,93 vs 24,32±3,85, p<0,0001), presença de HAS (31,25% vs 10,26%, p=0,0369) e exames bioquímicos - PCR (1,99±4,39 vs 0,87±0,52, p=0,0061), TGO (29,72±16,64 vs 23,46±5,31, p=0,0226), TGP (24,92±14,22 vs 17,92±6,57, 0,0099), albumina (4,1±0,37 vs 4,36±0,32, p=0,0415), glicemia de jejum (95,5±14,01 vs 84,36±13,01​, p=0,0251) e insulina (18,41±11,88 vs 6,74±4,26, p=0,0054). Não houve associação entre a presença de DHGNA e a atividade da DII ou uso de medicamentos.

Conclusão

Elevada frequência de DHGNA em indivíduos com DII. As principais variáveis associadas estão relacionadas à síndrome metabólica. A inflamação crônica e a disbiose podem ser fatores de risco para a concomitância de ambas as doenças. Deve-se atentar para a investigação dos fatores de risco e diagnóstico precoce da DHGNA nos pacientes com DII a fim de se evitar progressão da doença.

Palavras-Chave

Esteatose Hepática, Doença Hepática Gordurosa não alcoólica, Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa, Doença Inflamatória Intestinal

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Marina Amorim Lopes, Daniel Natan Shintaku , Ana Carolina Barbosa Oliveira, Rodrigo Fedatto Beraldo, Giovana Rodrigues Godoi, Natalia Salvador Castelhano, Daniela Salate Biagioni Vulcano, Ellen Cristina Souza Oliveira, Giédre Soares Prates Herrerias, Rogerio Saad-Hossne, Julio Pinheiro Baima, Walnei Fernandes Barbosa, Giovanni Faria Silva, Ligia Yukie Sassaki