Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE PSEUDOANEURISMA DE ARTÉRIA GASTRODUODENAL: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Homem, 44 anos, etilista, tabagista, usuário de drogas ilícitas com queixa de “dor de estômago há cinco meses”. Refere dor abdominal difusa, pior em epigástrio, em cólica, que melhorava com jejum e sintomáticos e piorava com alimentação. Ultrassonografia abdominal revelou pâncreas com processo expansivo misto com predomínio de conteúdo líquido e heterogêneo. Cursou com hematêmese após 1 semana, quando foi feita endoscopia digestiva alta (EDA), sem alterações, e tomografia (TC) de abdome e pelve que mostrou dilatação aneurismática fusiforme em região epigástrica, com cerca de 9,0 x 7,6 x 7,6 cm de aspecto heterogêneo, com material hiperdenso de permeio e áreas de trombose mural. Nota-se luz verdadeira no interior, relacionada à artéria gastroduodenal, com 1,9 x 1,7 cm (plano axial), com dilatação de ducto pancreático principal e vias biliares intra e extrahepáticas. Na internação, houve piora súbita da dor abdominal, hipotensão e taquidispneia, sendo feita expansão volêmica e indicada intervenção pela hipótese de aneurisma roto. Foi feita embolização com molas e gelfoam em artéria gastroduodenal, com boa evolução pós-operatória.
Discussão
Os pseudoaneurismas (PSAs) de artérias viscerais são raros, com pelo menos uma camada arterial a menos e mais risco de ruptura que os aneurismas verdadeiros. No caso, há indícios de pancreatite crônica, principal causa de PSA da artéria gastroduodenal. Na sua clínica são incomuns sangramentos, que se complicam com instabilidade hemodinâmica, pseudocistos e hemosuccus pancreaticus. EDA e exames de imagem são importantes para o diagnóstico, sobretudo quando há doença pancreática associada à hemorragia digestiva alta (HDA). A TC de abdome foi solicitada por visualizar bem patologias pancreáticas e PSAs. A cirurgia possui altas taxas de mortalidade (5-25%), sendo indicada se há instabilidade do paciente para procedimento angiográfico ou persistência de sangramento. A embolização é alternativa se há alto risco cirúrgico, com maior efetividade, menos risco de complicações e menor tempo de internação, sendo feita cateterização superseletiva da artéria envolvida e a embolização distal e proximal à lesão e do saco endoluminal do PSA a partir do uso de molas.
Comentários finais
O PSA de artérias peripancreáticas deve ser lembrado em casos de HDA associada à doença pancreática e sem diagnóstico por EDA, sendo importante realizar exames de imagem para visualizá-lo, como TC e arteriografia.
Palavras-Chave
Hemorragia digestiva alta recorrente
Pseudo-aneurisma
Artéria gastroduodenal
Embolização
Pancreatite crônica
Área
Cirurgia - Pâncreas
Autores
Renata Barreto Russo, Rodrigo Machado Landim, Sarah Montes Torres, Francisca Giordana Vasconcelos de Oliveira, Matheus Zaian Rodrigues de Fonseca Lira, Lucas Rodrigues Melo, Samuel Lima de Souza, Luiz Matheus Ferreira Brito, Ana Caroline Farias Gomes, Andressa Souto de Oliveira Baltoré, Leandro Rodrigo Pereira de Matos