Dados do Trabalho

Título

Cirurgia de Appleby para tratamento de adenocarcinoma pancreático com invasão de Tronco Celíaco – Relato de Caso

Apresentação do Caso

Homem, 66 anos, encaminhado por tumor de pâncreas considerado irressecável devido à invasão vascular.
Apresentava perda de peso (10 kg/3 meses), dorsalgia e diagnóstico recente de diabetes.
À tomografia, observou-se lesão hipocaptante no corpo e cauda pancreáticos com: íntimo contato com o tronco celíaco, artéria hepática comum, sem sinais claros de invasão; invasão da artéria gástrica esquerda e esplênica; íntimo contato da lesão com a junção esplenomesentérica, com sinais de invasão da v. esplênica. Ainda, a artéria hepática direita aberrante ramo da Artéria Mesentérica Superior.
Devido às boas condições clínicas do paciente, foi optado pelo tratamento cirúrgico.
No intraoperatório, não foram detectadas metástases. Constatada a invasão da artéria hepática comum, foi realizado clampeamento temporário da mesma, sem prejuízo à vascularização hepática em função do fluxo pela Artéria Gastroduodenal para a artéria hepática esquerda e pela artéria hepática direita aberrante. Prosseguiu-se com a pancreatectomia corpocaudal e esplenectomia e linfadenectomia. Foi realizada ressecção e ligadura do Tronco Celíaco, sem necessidade de reconstrução arterial. Havia invasão da junção esplenomesentérica, ressecada em bloco, com reconstrução primária terminoterminal. Foi locado um dreno tubulolaminar.
Não houve intercorrências. O paciente apresentou evolução favorável e teve alta no 8º pós-operatório.
O anatomopatológico evidenciou um adenocarcinoma moderadamente diferenciado de 8,8x4,7x4,4 cm. Foram ressecados 32 linfonodos, sendo 8 acometidos.

Discussão

O adenocarcinoma de pâncreas é geralmente diagnosticado em estágios tardios. Apenas cerca de 20% dos pacientes são candidatos ao tratamento cirúrgico. A cirurgia de Appleby foi descrita para tratamento do câncer gástrico avançado e adaptada para os tumores de pâncreas em 1976. Baseia-se no princípio de que o suprimento arterial hepático pode ser mantido através do fluxo da arcada da Artéria Gastroduodenal, proveniente da A. mesentérica superior. Estudos recentes apontam que o procedimento tem morbimortalidade semelhante à pancreatectomia corpocaudal, com melhora da sobrevida em relação aos pacientes não operados.

Comentários finais

A pancreatectomia corpocaudal com ressecção do Tronco Celíaco pode ser realizada em pacientes cuidadosamente indicados. O caso apresentava ainda invasão venosa, que exigiu uma anastomose vascular, porém que também não contraindica a ressecção. O desfecho em curto prazo foi favorável e o paciente segue em acompanhamento.

Palavras-Chave

Adenocarcinoma do Pâncreas; Pancreatectomia; Artéria Celíaca

Área

Cirurgia - Pâncreas