XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Fístula traqueo-esofágica pós traqueostomia em paciente com COVID 19. Relato de caso e Revisão de literatura.

Apresentação do Caso

E.F.M., 35 anos, foi internada com quadro Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), por COVID-19; história de longa permanência em unidade de terapia intensiva por um período de 27 dias, sendo o período de IOT de 18 dias seguida de traqueostomia . Recebeu alta com saturação de 96% em ar ambiente e sem dispneia. Após 20 dias, iniciou quadro de dispneia progressiva e tosse pós-prandial.
Encaminhada para o serviço de cirurgia torácica da Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba com hipótese diagnóstica de fistula traqueo-esofágica. Submetida à broncoscopia flexível e endoscopia digestiva alta que evidenciaram trajeto fistuloso traqueo esofágico. Após 17 dias de internação foi realizada síntese de fistula traqueo-esofágica. Apresentou quadro desfavorável no pós-operatório imediato, apresentando choque séptico e comprometimento pulmonar extenso. Evoluiu a óbito 3 dias após o procedimento.

Discussão

As complicações das vias aéreas secundárias à intubação endotraqueal são frequentes, embora tenham diminuído significativamente nos últimos anos. A estenose traqueal não é um problema novo. Em 1886, Colles descreveu 4 casos de estenose traqueal como causa de obstrução de via aérea em 57 sobreviventes que tinham sido submetidos à traqueostomia para tratamento de difteria. Na prática clínica, a maioria dos pacientes que se apresentam com estenose traqueal pós-intubação possui cicatrizes fibróticas maduras. A fase precoce da estenose traqueal pós-intubação é caracterizada por ulceração da mucosa e pericondrite, seguidas por formação de tecido de granulação exofítico; o tecido de granulação é gradualmente substituído por uma cicatriz fibrótica madura, que se contrai e origina a lesão clássica da estenose. A complicação tardia de traqueostomia é uma ocorrência rara, com incidência menor do que 1%, mas que deve ser conhecida, diagnosticada e tratada rapidamente, para que se evite evolução desfavorável. Entre as principais complicações tardias observadas, temos a fístula traqueoesofágica ocupando o terceiro lugar em freqüência, precedida da estenose e hemorragia respectivamente.

Comentários finais

As fístulas tráqueo-esofágicas são comunicações adquiridas entre o esôfago e o sistema traqueal são mais comumente encontradas por causas iatrogênicas ou traumáticas e, menos frequentemente, infecciosas. A cirurgia é indicada tão logo as condições do paciente permitam. É tratamento definitivo em quase todos os casos, com o objetivo de interromper a comunicação entre o tubo digestivo e a árvore respiratória.

Palavras-Chave

COVID-19, INTUBAÇÃO PROLONGADA, ESTENOSE TRAQUEAL, FÍSTULA TRAQUEO-ESOFÁGICA

Área

Endoscopia - Miscelânea

Autores

carlos guilherme giazzi nassri, Hélio Poço Ferreira, Adriana Bassani Nassri, Giulia Bassani Giazzi Nassri, Ana Beatriz Moimáz, Caio Sergio Oliveira Bortoloci, Carolina Costa Serafim, Maria Clara Rocha Moreira, Gabriel Baggio Sposito, LUIS OTAVIO CINTRA AVEZUM