XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Riscos e benefícios do uso de anti-TNF no tratamento da Retocolite Ulcerativa em paciente com Cirrose Hepática por Hepatite Autoimune

Apresentação do Caso

Feminina, 28 anos, quadro de diarreia, dor abdominal, astenia e inapetência há 9 meses, circulação colateral abdominal, anemia alteração de enzimas hepáticas, elevação de proteína C-reativa e FAN reagente 1:320. Biópsia hepática evidenciou hepatite crônica em atividade, estadio 4, infiltrado linfo-histiocitário e necrose em saca bocado, confirmando diagnóstico de cirrose hepática por Hepatite Autoimune (HAI) provável (11 pontos pelo escore do Grupo Internacional de HAI). Colonoscopia compatível com Retocolite Ulcerativa (RCU) em atividade do tipo pancolite. Apresentou refratariedade ao tratamento com mesalazina, intolerância à azatioprina e efeitos colaterais ao corticoide com risco aumentado de infecção grave em cirrótico, sendo optaso pelo infliximabe, seguindo com melhora sintomática.

Discussão

A HAI é uma doença hepática rara de etiologia desconhecida que atinge todas as idades, grupos étnicos e ambos os sexos. O diagnóstico é baseado em características clínico-patológicas como hipergamaglobulinemia policlonal, particularmente imunoglobulina G (IgG), autoanticorpos circulantes, hepatite de interface, ausência de hepatite viral e resposta favorável à imunossupressão. A Diretriz do American Association for the Study of Liver Disease (AASLD), recomenda prednisona 60mg/dia ou combinação de prednisona 30mg/dia e azatioprina 50mg/dia, favorecendo esta última como tratamento inicial, por menor frequência de efeitos colaterais. Como segunda linha, recomenda-se a utilização de agentes como ciclofosfamida, metotrexato, rituximabe ou infliximabe. Apesar do infliximabe ser citado como terapia alternativa na HAI, o nível de evidência fraco e o risco aumentado de infecção, especialmente em pacientes com cirrose, não justifica o uso desses agentes como segunda linha de tratamento. Porém, a decisão baseia-se na experiência local, na gravidade da HAI e nas características do paciente. Sendo assim, é importante apresentar casos com bom prognóstico utilizando anti-TNF como opção terapêutica no tratamento das duas condições (RCU e HAI), devendo-se descartar reação medicamentosa do tratamento instituído com imunobiológicos, e vigiar possíveis efeitos colaterais que podem ser mais graves em paciente cirrótico.

Comentários finais

HAI é causa rara de elevação de transaminases em pacientes com RCU, devendo-se avaliar o melhor tratamento para controlar as duas condições, principalmente em cirróticos, vigiando efeitos colaterais das medicações.

Palavras-Chave

Terapia anti-TNF, Hepatite autoimune, Cirrose hepática, Retocolite ulcerativa

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Renata Medeiros Dutra, Fernanda Patrícia Jeronymo Pinto, Julio Pinheiro Baima, Fernando Gomes Romeiro, Rogerio Saad-Hossne, Ligia Yukie Sassaki