XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: proposta de tratamento de fístula traqueoesofágica pós-intubação prolongada em paciente com COVID-19

Apresentação do Caso

Mulher, 56 anos, previamente hígida, apresentou internação de longa duração devido a complicações relacionadas à infecção por COVID-19. Devido a tempo prolongado de tubo orotraqueal, paciente evolui com estenose de traqueia e fístula traqueoesofágica. Realizadas múltiplas abordagens por equipe de cirurgia torácica para a fístula, entretanto paciente permaneceu com dificuldade para ingerir líquidos. Realizada tomografia computadorizada (TC) com reconstrução de imagem, identificando-se permanência de fístula entre a porção proximal do esôfago e a traqueia com aproximadamente 2 mm de trajeto. Optado por tratamento por endoscopia digestiva alta (EDA) da fístula, onde foi realizado desepitelização com plasma de argônio e colocação de clipe metálico para complementar o fechamento. Paciente evolui já no primeiro dia após o procedimento com boa tolerância para ingestão de líquidos, diminuindo episódios de tosses e afogamentos.

Discussão

Ciprian Bolca et al. (2016) descrevem que as fístulas traqueoesofágicas estão presentes em apenas 0,5% dos pacientes que necessitam de intubação prolongada. Dentre as abordagens por endoscopia digestiva alta, Daril Ramay et al. (2019) discutem possibilidades como stents esofágicos recobertos, adesivos teciduais (cianoacrilato e colas com baseadas em fibrina), dispositivos utilizados para oclusão de defeitos de septo atrial, terapia com Endoluminal vacuum-assisted closure (EVAC) e clipes metálicos (com destaque para uso do over-the-scope clip), opções pouco disponíveis ou não aplicáveis ao nosso caso por risco de diminuir o lúmen traqueal ou pela impossibilidade de aplicar o método devido ao pequeno tamanho da fístula. Portanto, optamos por extrapolar a abordagem proposta por Hameed et al. (2009) para fístulas gastrocutâneas, na qual realiza-se desepitelização do trajeto fistuloso com plasma de argônio e colocação de clipe metálico na mucosa adjacente, realizando o fechamento da fístula.

Comentários finais

Os tratamentos endoscópicos classicamente propostos para fístulas traqueoesofágicas apresentam limitações ou são pouco disponíveis na maioria dos serviços em nosso país. Desta maneira, apresentamos neste caso abordagem com plasma de argônio e clipes metálicos como opção de menor custo, de maior facilidade técnica, com bom resultado neste caso em específico. No entanto, ainda são necessários estudos com números mais robustos de casos utilizando esta abordagem para avaliar suas taxas de sucesso técnico e clínico.

Palavras-Chave

Fístula; Traqueosofágica; COVID-19

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Henrique Rolim Severo, Suelen Aparecida Miozzo, Fernando Comunello Schacher, Jorge Alberto John, Gabriel Guinsburg Barlem, Mariana Crespo Pires, Guilherme Becker Sander