XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ABDOME AGUDO PERFURATIVO SECUNDÁRIO A CÂNCER COLORRETAL: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Idoso, 63 anos, hipertenso, tabagista 20 anos-maço, etilista, apresentava dor em andar superior do abdome há 2 meses, associada a fezes mais líquidas, astenia, perda ponderal e massas palpáveis pétreas em hipocôndrios. Observaram-se: anemia; CEA elevado; em TC abdome, nódulos hipodensos hepáticos e líquido livre na cavidade abdominal; em colonoscopia, lesão estenosante e friável no cólon transverso e pólipos sésseis em cólon descendente e reto; em anatomopatológico, adenocarcinoma metastático com áreas mucossecretoras. Após uma semana, houve piora da abdominalgia, ausência de eliminação de fezes e flatos, peristaltismo de luta. Radiografia de tórax mostrou pneumoperitônio. Realizada laparotomia xifo-púbica de urgência, notando-se perfuração em ceco, nódulos metastáticos em intestinos, fígado e omento, carcinomatose peritoneal e ascite. Procedida omentectomia parcial, cecorrafia e cecostomia em alça. O paciente evolui a óbito no 7º dia pós-operatório.

Discussão

Em 2020, no mundo, o câncer colorretal (CCR) representou a 3ª neoplasia mais incidente e a 2ª maior causa de óbito por câncer. [1] No Brasil, excluindo-se câncer de pele não melanoma, o CCR é a 2ª neoplasia mais frequente em ambos os sexos.[2] Fatores de risco para desenvolvimento do CCR incluem síndromes de câncer colorretal hereditário, obesidade, história familiar, tabagismo, etilismo, consumo de carne vermelha e processada, diabetes tipo 2, doenças inflamatórias intestinais. A maioria dos CCR surge a partir de um pólipo que segue a sequência adenoma-carcinoma, em 10-15 anos. [3] Manifestações clínicas variam com o local e o estágio do tumor primário, podendo haver mudança do hábito intestinal, sangramento oculto, hematoquezia, anemia ferropriva, perda ponderal involuntária, dor abdominal, massa palpável, obstrução intestinal, tenesmo. A colonoscopia com biópsia para análise histopatológica é o padrão ouro para o diagnóstico, após o qual se avaliam extensão loco-regional e presença de metástases à distância, indicando-se exames de imagem para estadiamento e acompanhamento. [4] Por ter patogênese lenta e gradual, o CCR é considerado prevenível e tratável, sendo possíveis a colonoscopia e a retirada dos pólipos ainda adenomatosos. Diagnóstico no estágio localizado do CCR acarreta sobrevida bem superior que diagnóstico em estágios com metástases. [5]

Comentários finais

O caso ilustra a relevância do rastreamento visando ao diagnóstico precoce e ao tratamento oportuno do CCR, neoplasia de elevada morbimortalidade.

Palavras-Chave

Câncer Colorretal. Pneumoperitônio. Carcinomatose peritoneal. Rastreamento.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Miriam de Cássia Souza, Iure Kalinine Ferraz de Souza, Douglas Daniel Dophine, Elianara Tavares Martins, Gláucia Maria Senhorinha, Larissa Souza e Freitas, Larissa Leite Vieira de Oliveira, Petrônio Nilton de Miranda Júnior, Mariana Vidal Montebeller, Vinícius Gustavo de Carvalho Moura, Saulo da Silva Lima, Marlúcia Marques Fernandes, Daniel Bitar Siqueira, Fabrícia Aparecida Mendes de Souza