XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Adenocarcinoma de intestino delgado como causa de abdome agudo obstrutivo - relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente R.A.N., masculino, 54 anos, admitido em emergência com dor abdominal, vômitos, parada de evacuação e flatos há 2 dias. Apresentava doença renal crônica dialítica há 20 anos por doença policística, hipoparatireoidismo e hipertensão arterial. Ao exame, abdome distendido, doloroso à palpação difusa, com descompressão brusca negativa e toque retal sem fezes.
Realizou raio x de abdome evidenciando alças coniventes e nível hidroaéreo. Em tomografia de abdome visualizada distensão de alças delgadas, dos cólons transverso e ascendente, apresentando transição abrupta do calibre em segmento do cólon transverso próximo a flexura esplênica com espessamento parietal segmentar com extensão de cerca de 3,1 cm, de aspecto estenosante.
Optado por laparotomia exploradora, verificando-se estenose a 140 cm da válvula ileocecal com dilatação de delgado a montante. Realizada enterectomia segmentar de 12 cm de íleo e anastomose primária. Realizada congelação da peça, com achado histopatológico de adenocarcinoma de delgado com invasão de lâmina própria, sem invasão de muscular de mucosa e margens livres.
Recebeu alta no 7ºPO em bom estado geral, tolerando dieta oral, com evacuação presente. Aguarda anatomopatológico.

Discussão

Os tumores de intestino delgado são raros, com natureza inespecífica e variável dos sinais e sintomas, levando ao atraso do diagnóstico.
Os adenocarcinomas representam de 25-40% das malignidades primárias do intestino delgado. São mais comuns na faixa etária de 50 a 70 anos, em homens.
O sintoma de apresentação mais comum de um tumor de intestino delgado é a dor abdominal, seguido por perda de peso, náuseas e vômitos e sangramento gastrointestinal. A obstrução intestinal é mais comum do que a perfuração, ocorrendo em 22 a 26% em comparação com 6 a 9%, respectivamente.
O tratamento proposto nestes casos é a ressecção cirúrgica segmentar ampla, contemplando ressecção linfonodal de oito linfonodos regionais. Nas lesões ressecáveis a N0, são opções aceitáveis a observação ou seis meses de quimioterapia adjuvante. Já no caso de N positivo, sugere-se quimioterapia adjuvante para todos os pacientes. Se doença irressecável ou metastática é recomendável quimioterapia.

Comentários finais

Conclui-se que o adenocarcinoma de intestino delgado é uma afecção rara, que em apenas 20% dos casos apresenta-se inicialmente como quadro oclusivo. No entanto, é imprescindível ser lembrada no diagnóstico diferencial de abdome agudo obstrutivo.

Palavras-Chave

intestino delgado, adenocarcinoma, abdome agudo

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Luiza Oliveira Tocantins Álvares, Tayná Mireli de Paula Molina, Jaqueline Sara Silva Cardoso, Rebeca Rigobelo Vendramin, Luiz Lima Chaves, Kaline Daniele de Souza Amaro, Bruna Bueno Biondi, Bianca Martins Maldonado, Monna Hessen Banna de Oliveira