XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO CLÍNICO DE APENDICITE COMPLICADA COM FLEGMÃO CAVITÁRIO: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA

Apresentação do Caso

Masculino, 44 anos, sem comorbidades, procura a emergência com queixa de dor lombar intermitente há uma semana, sem melhora com uso de analgésicos. Clinicamente estável, exame físico apresenta abdome flácido, com dor e massa palpável no quadrante inferior direito, sem sinais de peritonite. Apresentava leucocitose de 16.000/mm³ sem desvio e a tomografia computadorizada de abdome evidenciou apêndice retrocecal com espessamento parietal, medindo cerca de 2,0 cm de diâmetro axial, associado à importante densificação circunjacente (flegmão), sem coleções. A conduta de escolha foi tratamento não cirúrgico, sendo implementada antibioticoterapia endovenosa com Ciprofloxacino e Metronidazol e anti-inflamatório não esteroidal. Após 5 dias de tratamento, o paciente apresentou melhora clínica e radiológica, tendo alta hospitalar em continuação de antibioticoterapia oral com acompanhamento ambulatorial.

Discussão

A apendicite aguda apresenta manifestações clínicas variadas, sendo a evolução insidiosa menos frequente, caracterizada pela formação de plastrão que indica que a infecção do apêndice foi bloqueada por intenso processo inflamatório locorregional. Destacamos que a taxa de mortalidade da apendicite decaiu abruptamente por meio do uso de antimicrobianos de amplo espectro desde 1940. Apesar do tratamento cirúrgico universalmente preconizado, o manejo da apendicite complicada com flegmão permanece controverso visto que a apendicectomia imediata pode apresentar taxas de complicações pós-operatórias entre dez a 48% dos casos, como enterectomias segmentares e fístulas digestivas, em decorrência da distorção da anatomia, além da dificuldade em abordar o coto apendicular. Desta forma, o tratamento conservador do plastrão apendicular é uma valiosa alternativa, através de antimicrobianos com cobertura para os principais patógenos intestinais e eventual drenagem de abscesso apendicular, ainda com possibilidade de efetuar-se apendicectomia de intervalo após remissão do quadro infeccioso subagudo. O objetivo do estudo foi avaliar, mediante relato de experiência, o tratamento conservador e comparar com a literatura vigente.

Comentários finais

Há uma tendência mundial em se conduzir conservadoramente os casos de plastrão/flegmão apendicular, em virtude do aumento da morbidade pós-operatória em pacientes operados na vigência deste tipo de afecção. Os resultados são promissores, não obstante o tema ainda carece de trabalhos com bons níveis de evidência.

Palavras-Chave

Apendicite; plastrão; tratamento conservador

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Roberto Marcellus de Barros Sena, Alexandre Marotta, Eduardo Fortes de Albuquerque, Victor Edmond Seid, André Gustavo Santos Pereira, Leticia Abreu da Silva, Flavia Gebran Velloso Messias, Gabriel José Gerpe Garin Borges