Dados do Trabalho
Título
Caso de colangite esclerosante primária associado á colite eosinofílica
Apresentação do Caso
AAR, masculino, 45 anos, previamente hígido. Mãe com retocolite ulcerativa (RCU). Paciente com quadro de icterícia, acompanhado de prurido cutâneo, dor em hipocôndrio direito e diarreia sem sangue ou muco há 15 dias. Evoluiu com manchas hipercrômicas em palmas das mãos, dorso, membros inferiores, além de perda de 5Kg. Exames laboratoriais com transaminases e enzimas colestáticas aumentadas, como AST 84U/L (valor de referência [VR] até 40), ALT 125U/L (VR até 41) Fosfatase alcalina 555U/L (VR até 130), Gama-GT 732UI/L (VR até 60). Devido alterações, realizado colangiorressonância evidenciando ectasia de ductos biliares intra e extra-hepáticos com sinais de irregularidade dos contornos. Para completar investigação de colangite esclerosante primária, realizado p-ANCA e anti- mitocôndria, com resultado não reagente. Devido achados em exames laboratoriais e de imagem e quadro clínico sugestivos de colangite esclerosante primária (CEP), optado tratamento com ácido ursodesoxicólico na dose de 17mg/Kg. Devido quadro diarreico associado, realizada colonoscopia, que mostrou pancolite erosiva, prosseguido com biópsia, que evidenciou inflamação colônica difusa com a presença de inúmeros eosinófilos em todos segmentos colônicos, sugestivo de colite eosinofílica (CE). Solicitado imunoglobulina E com resultado de 339ng/mL (VR até 240). Introduzido corticoterapia para controle da colite eosinofílica. Paciente segue em acompanhamento e, em onze meses de tratamento, evoluiu com diminuição progressiva das enzimas colestáticas, atualmente fosfatase alcalina de 146U/L e gama-GT de 220U/L, além de melhora importante do quadro diarreico após introdução de corticoide.
Discussão
CE é um distúrbio gastrointestinal com patogênese ainda não totalmente compreendida, sabe-se que ocorre aumento de eosinófilos nos segmentos colônicos, além de aumento de imunoglobulina E no sangue. O quadro clínico mais comum é de dor abdominal, náuseas, vômitos, saciedade precoce e diarreia. Estudos mostram que a prevalência atual é de 3,3 para cada 100000 pessoas. A CEP é um distúrbio crônico e progressivo, caracterizado por inflamação, fibrose e estreitamento de ductos médios e grandes na árvore biliar intra-hepática e / ou extra-hepática, de etiologia desconhecida. A CEP tem forte associação com RCU, podendo esta ser encontrada em até 90% dos casos de CEP.
Comentários finais
O caso relata um quadro de associação incomum de CEP com CE, onde seria esperado associação com RCU.
Palavras-Chave
Colangite esclerosante primária; Colite eosinofílica
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Livia Jayme Paulucci, Daniela Silva Galo, Isabelle Faleiros Fernandes, Lara Veiga Freire, Vanessa Madrid Vivo, Natalia Engler Ravasio, Rôniki Clean Sá Florencio, Marcia Fumiê Rocha