Dados do Trabalho

Título

COLECISTITE AGUDA COMPLICADA COM NECROSE DE VESÍCULA BILIAR ASSOCIADA A ÚLCERA PÉPTICA PERFURADA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Idosa, 92 anos, hipertensa, diabética e cardiopata, sabidamente portadora de colelitíase há oito anos, com histórico de 3 episódios de colecistite neste período. Família e médico assistente optaram por tratamento conservador. Durante a última crise de colecistite, enquanto realizava tratamento com Amoxicilina + Clavulonato, evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, febre, diarréia com presença de sangue e membranas, cólicas e astenia. Foi internada na UTI e iniciado tratamento para colite pseudomembranosa. A paciente respondeu bem nas primeiras 48h, porém, no terceiro dia, evoluiu com fortes dores em epigastro e insuficiência respiratória aguda, necessitando de intubação. Depois de estabilizada, a paciente foi encaminhada para a tomografia, que evidenciou presença de pneumoperitônio. Uma laparotomia exploradora foi indicada, evidenciando a presença de moderada quantidade de líquido livre em cavidade de aspecto gástrico, com úlcera antral perfurada. Seguindo inventário da cavidade, foi identificada necrose total de vesícula biliar do fundo até o terço superior do ducto cístico. Procedeu-se com aspiração de todo conteúdo livre, biópsia e ráfia da úlcera péptica perfurada em dois planos com confecção de patch, colecistectomia, lavagem vigorosa da cavidade e aposição de dreno sentinela.

Discussão

A necrose da vesícula pode raramente ocorrer, devido a complicações, como colecistite enfisematosa ou gangrenosa, apresentando alta morbimortalidade. Ocorre principalmente devido à lesão epitelial pelo aumento da tensão na sua parede, causada pela insuficiência vascular por obstrução persistente do ducto cístico, sendo mais comum em idosos. A úlcera péptica tem incidência de perfuração muito baixa. Esta condição deve ser aventada em caso de intensa e repentina dor abdominal, com presença de pneumoperitônio em exame de imagem. A úlcera de estresse é mais comum em pacientes críticos e associada a uma maior mortalidade. Podem complicar com hemorragia ou perfuração. Por isso, é importante profilaxia com inibidores de bomba de prótons em pacientes de alto risco.

Comentários finais

Diante do relato supracitado e de análise da literatura, corrobora-se que a colecistite aguda e úlcera péptica, apesar de comuns, podem levar a sérias complicações se não tratadas em tempo hábil. Além disso, uma investigação detalhada e individualizada de cada caso mostra-se importante para diagnóstico e tratamento precoce, visto que complicações raras podem ser encontradas simultaneamente em um mesmo paciente.

Palavras-Chave

NECROSE; VESÍCULA BILIAR; ÚLCERA PÉPTICA PERFURADA