Dados do Trabalho
Título
SÍNDROME DE OGILVIE COM PERFURAÇÃO COLÔNICA NA INFECÇÃO POR COVID-19
Apresentação do Caso
Homem, 32 anos, obeso (IMC 44), admitido em 05/04/21 com PCR para COVID-19 positivo. Sintomas iniciaram em 30/03: cefaléia, tosse seca e dor torácica. Evoluiu com dispneia, febre e queda da saturação (90-93%). Na internação, TC de tórax com infiltrado pulmonar difuso em vidro fosco, comprometendo 80% do parênquima pulmonar, com consolidações e áreas de fibrose. Iniciado uso de VNI em Helmet (O2 a 100%), ceftriaxone, azitromicina, enoxaparina e pulsoterapia com corticoide. Em 08/04 realizado tocilizumabe e em 09/04 entubado e iniciado manobras de prona. Em 20/04 iniciou com picos febris, hipertensão e taquicardia. Dia 23 teve distensão abdominal e constipação intestinal, sem resposta à lactulose VO. Dia 24 evoluiu com piora da distensão e instabilidade hemodinâmica necessitando de ressuscitação volêmica e drogas vasoativas, com diagnóstico de choque séptico (CS). RX de tórax demonstrou volumoso pneumoperitônio, confirmado na TC. Foi levado ao centro cirúrgico, com laparotomia mostrando grande distensão do cólon. Houve laceração de serosa e muscular ao nível do ceco com progressão até o cólon transverso. A direita da artéria cólica média, área de necrose total da parede do cólon transverso, com perfuração próximo ao ângulo hepático, sendo realizada colectomia direita ampliada e ileostomia. Em 27/04 evoluiu para lesão renal aguda KDIGO III, iniciando hemodiálise convencional (mantida até 21/05). Alta hospitalar em 29/05.
Discussão
COVID-19 é uma infecção viral com transmissão via respiratória e fecal-oral. Seu alvo principal: trato respiratório; mas 4,9-61% dos pacientes apresentam sintomas gastrointestinais (SG) como diarreia, vômitos, anorexia e dor abdominal e/ou desenvolvem complicações durante internação, como hemorragia digestiva, isquemia intestinal e síndrome de Ogilvie (SO). SO é mais frequente em maiores de 60 anos; apresenta-se como grande distensão colônica, sem sinais de obstrução mecânica. A distensão tende a ocorrer progressivamente em 6 dias, sendo o ceco a área de maior dilatação e maior risco de perfuração (1-3%), principalmente quando seu diâmetro supera 10-12cm. O caso exposto apresenta peculiaridades: grave, em jovem, internação prolongada, sem SG iniciais, que desenvolveu distensão abdominal súbita e progressiva em 24h, com quadro de perfuração no cólon transverso, próximo ao ângulo hepático e CS.
Comentários finais
Poucos casos de SO relatados em pacientes com COVID e, raros casos com perfuração colônica.
Palavras-Chave
SÍNDROME DE OGILVIE; COVID-19; CÓLON TRANSVERSO
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
ANA LÚCIA FLORES, FREDERICO OTTO FLORES MORAES, EDUARDO TAKASHI SUNAGA, OMAR CÉSAR MORAES, VALTER DE PAIVA, JOSÉ MIGUEL VISCARRA OBREGÓN, LETÍCIA YUKIE TAKAHASHI