XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: PUSHING THE LIMITS NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CÂNCER DE PÂNCREAS

Resumo

Paciente sexo masculino, M.A.L.B, 59 anos, encaminhado ao Pronto Atendimento com quadro de perda ponderal, icterícia, colúria e acolia fecal. Colangio-Ressonância evidenciou lesão infiltrativa mal delimitada na cabeça/colo pancreático medindo 3,6 cm com dilatação ductal e das vias biliares à montante. Marcador Tumoral CA19-9 de 71,2 U/ml. Em 13 out. 2020, foi realizada Derivação Biliodigestiva com biópsia pancreática. O anatomopatológico identificou Adenocarcinoma infiltrando em tecido pancreático com focos de padrão glandular/tubular e desmoplasia intensa. No dia 05 nov. 2020, paciente recebeu alta hospitalar e retornou em 11 jun. 2021, após ter recebido 12 sessões de FOLFIRINOX, com bom estado geral, negando dor, emagrecimento, dispneia ou sangramento. Marcador Tumoral CA19-9 de 29 U/ml. Estadiamento com tomografia de abdome total e tórax livre de linfonodomegalias ou sinais de lesões secundárias. Em 21 jun. 2021, realizou-se Gastroduodenopancreatectomia com ressecção portomesentérica e do tronco celíaco com reconstrução venosa portal e arterial usando enxerto vascular de doador ABO compatível e Pancreatojejunoanastomose em Y de Roux. Tempo cirúrgico de 16h; recebeu 2 concentrados de hemácias, 8 frascos de Albumina e 8L de cristaloide. Se manteve estável durante toda a cirurgia saindo com noradrenalina 0,07 mcg/kg/min e encaminhado à unidade de cuidados intensivos (UCI) ainda sob ventilação mecânica. Foi extubado no 2º dia pós operatório e no 3º teve alta da UCI. Apresentou boa evolução, recebendo alta hospitalar no 12º dia de pós operatório, deambulando, com boa aceitação de dieta via oral e proposta de adjuvância ambulatorial. Sem ressecção cirúrgica radical (R0) as neoplasias pancreáticas evoluem com mau prognóstico, mas destaca-se o desafio técnico uma vez que na maior parte dos pacientes há invasão locorregional ou vascular [2]. A invasão das veias porta e mesentérica superior ocorre em quase 1/4 dos casos [3]. O acometimento arterial também ocorre com frequência e a ressecção ampla do tronco celíaco pode aumentar consideravelmente a ressecabilidade R0 do tumor, para 72,79% [7]. Assim, apesar das características boderline para ressecção cirúrgica, a neoadjuvância e a abdordagem multidisciplinar do câncer de pâncreas localmente avançado permitiram a ressecção R0 no caso relatado. Mesmo com necessidade de reconstruções vasculares complexas e o longo tempo operatório o objetivo curativo pode ser atingido e o paciente seguiu com tratamento adjuvante.

Palavras-Chave

Adenocarcinoma de pâncreas, cirurgia de Whipple, ressecção R0, reconstrução vascular, enxerto de doador cadáver

Área

Cirurgia - Pâncreas

Autores

Marina Guitton Rodrigues, Pedro Henrique Batista Pereira, Leandro Miranda Trama, Ellen Vitória de Queiroz Munin, Maria Eduarda França Chaves, Julia Gomes Rodrigues, Nicole Faustino de Mello, Tércio Genzini