Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO CIRÚRGICO DE COMPLICAÇÃO TARDIA PÓS-GASTRECTOMIA.
Apresentação do Caso
Paciente do sexo masculino, 77 anos, com história de dor andar superior do abdômen, associado a vômitos pós alimentares e emagrecimento de 20 kg nos últimos dois anos, com piora nos últimos seis meses. História pregressa de duas cirurgias gástricas para tratar “úlcera” há 35 e 25 anos. Fez uso prolongado de IBP e procinéticos sem melhora do quadro. Endoscopia Digestiva Alta mostrou coto gástrico remanescente com enantemas, friável e edemaceado; anastomose gastrojejunal término lateral ampla; bile no estômago. Estudo radiológico contrastado do esôfago e estômago com laudo normal. Manometria esofágica de alta resolução sugestiva de hérnia de hiato e hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. Impedanciophmetria com refluxo não ácido patológico. Cintilografia para esvaziamento gástrico com gastroparesia moderada.TC abdômen = sem alterações. Devido a piora progressiva da dor, vômitos e emagrecimento, foi indicado tratamento cirúrgico com intenção de diagnostico e tratamento. Durante laparotomia foi identificado gastrectomia a BII, com anastomose gastrojejunal transmesocólica um pouco deslocada para o andar supramesocólico, porém, sem obstrução clara da alça aferente ou eferente. Foi realizada uma degastrectomia e anastomose gastrojejunal com alça exclusa a Y de Roux. Paciente evoluiu bem e obteve alta no 8 dia de pós-operatório. Avaliação ambulatorial com 60 dias com melhora do quadro de dor e vômito pós alimentar.
Discussão
Os distúrbios tardios pós gastrectomia estão relacionados a estase gástrica ou gastrite alcalina. Na reconstrução a BII podemos ter associados gastrite alcalina e estase gástrica. Esta última pode refletir tanto uma alteração vagal assim como uma migração da anastomose para o andar supramesocólico, dificultando o esvaziamento gástrico. Os exames de endoscopia e imagem não conseguiram revelar qual tipo de reconstrução gástrica. A cintilografia e phimpedancio contribuíram para um certo entendimento da disfunção, associando um distúrbio de esvaziamento com a secreção alcalina no estômago.
Comentários finais
O diagnostico etiológico de pacientes com sintomas tardios após gastrectomia representam um desafio ao Cirurgião e ao Gastroenterologista. A associação de exames complementares endoscópicos, radiológicos, de motilidade digestiva e da medicina nuclear com os principais sintomas do paciente, produzem informações que ajudam a construir uma boa hipótese do distúrbio pós-gastrectomia, fundamentando a indicação do tratamento cirúrgico, individualizada para cada caso.
Área
Cirurgia - Estômago
Autores
EMMANUEL CONRADO SOUSA, TÚLIO CESAR CASTRO MACHADO, PRISCILLA CORDEIRO LUPARELLI