XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Ressecção hepática secundária a litíase biliar intra-hepática: Um Relato de Caso

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 78 anos, portador de diabetes melitus tipo 2, ocidental, com passado de colecistectomia videolaparoscópica há 7 anos, comparece ao serviço devido achado incidental na Tomografia Computadorizada de litíase intra-hepática com dilatação moderada a montante, redução/atrofia de lobo esquerdo, e ectasia do hepato-colédoco. Referia leve desconforto abdominal pós-prandial e negava sintomas colestáticos, alterações no ritmo intestinal e febre. Foi optado por realizar hepatectomia parcial aberta esquerda na qual evidenciou segmentos II e III atrofiados e múltiplos cálculos marrons intra-hepáticos na via biliar esquerda, sobretudo no setor lateral. Ao examinar a peça ressecada foi observado ducto biliar dilatado com presença de inúmeros cálculos compactados nos segmentos hepáticos, com atrofia parenquimatosa. Evoluiu satisfatoriamente no pós-operatório sem complicações cirúrgicas. Não apresentou fístula biliar.

Discussão

Litíase Intra-hepática é definida pela presença de cálculos nos ductos biliares, com ou sem cálculos na vesícula biliar ou no ducto hepático comum. Apesar de prevalente no leste asiático, se apresenta como uma doença rara no Ocidente. Ela pode ser primária quando os cálculos surgem dentro do fígado devido a processo de estenose e/ou estase biliar, ou secundária quando os cálculos se formam na vesícula biliar e ocorre sua migração em direção retrógrada para os ductos intra-hepáticos. De acordo com Herman et al, a ressecção hepática tem se mostrado efetiva diante de lesões hepáticas unilaterais e irreversíveis como estenose biliar ou fibrose parenquimatosa e atresia, constituindo a principal modalidade terapêutica. No entanto, em casos onde há acometimento conjunto da via biliar extra-hepática, por vezes, há necessidade de derivação bilio-digestiva associada. Além disso, em casos selecionados, a abordagem por radiologia intervencionista pode ser uma opção adequada. Já em casos mais graves, com acometimento bilateral, culminando em disfunção hepática, o transplante de fígado é a opção ideal.

Comentários finais

O caso apresentado foi conduzido de acordo com as orientações da literatura. Litíase intra-hepática é uma doença rara no Ocidente e seu tratamento exige avaliação cuidadosa e individualizada, ainda que a ressecção hepática seja a abordagem mais preconizada atualmente.

Palavras-Chave

Litiase intra-hepatica; hepatectomia; laparotomia

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Vaner Paulo Silva Fonseca Pinheiro, Eduardo Freitas Viana, Thiago Francischetto Ribeiro