XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Ligadura profilática do ducto torácico durante esofagectomia: qual o impacto perioperatório e na sobrevida a longo prazo? Uma revisão sistemática e metanálise

Introdução

A esofagectomia é um procedimento complexo e com alto índice de morbidade. Dentre as complicações cirúrgicas, o quilotórax por fístula do ducto torácico aumenta as reinternações e o risco de mortalidade.
Alguns autores sugerem o uso profilático da ligadura do ducto torácico (LDT) para diminuir as chances de quilotórax em pacientes submetidos à esofagectomia. Além disso, após a identificação e ligadura do ducto torácico, a ressecção do ducto torácico (RDT) poderia, teoricamente, aumentar o número de linfonodos ressecados. No entanto, existe o temor de que a obliteração do ducto torácico diminua a circulação de citocinas e diminua a resposta imune às células neoplásicas, podendo, portanto, influenciar a sobrevida a longo prazo. Atualmente, não há consenso sobre o uso de LDT ou RDT profilático para câncer de esôfago.

Objetivo

Esse estudo objetiva comparar pacientes que foram submetidos a esofagectomia associada a LDT ou RDT com pacientes submetidos a esofagectomia sem tais procedimentos.

Método

A revisão sistemática foi realizada nas bases: PubMed, Embase, Cochrane e Lilacs. Os critérios de inclusão foram: estudos que compararam a esofagectomia com LDT ou RDT com a não-obliteração de ducto torácico; pacientes com câncer de esôfago; ensaios clínicos e estudos coortes. Foi adotado modelo de efeito randômico e os desfechos foram sintetizados em Forest Plots, utilizando Diferença de Risco (DR) ou Hazard Ratio, com os respectivos IC 95%.

Resultados

Foram selecionados 16 artigos. O tempo de seguimento médio entre os estudos foi de 52 meses e 97,6% dos pacientes apresentaram carcinoma espinocelular. A LDT não influenciou nos riscos de complicações (DR: -0.02; [-0.11, 0.07]); quilotórax (DR: -0.01; [-0.02, 0.00]); mortalidade (DR: -0.01; [-0.02, 0.00]); taxa de reoperação (DR: -0.01; [-0.02, 0.00]); e sobrevida global (HR): 1.17; [0.86, 1.48]). Já a RDT foi associada com maiores riscos de complicações pós-operatórias (RD: 0.1; 0.00, 0.19); quilotórax (RD: 0.02; [0.00, 0.03]). Não houve diferença significante para taxa de reoperação (RD: 0.02; [-0.00; 0.05]). A RDT não trouxe ganho em sobrevida global (HR: 1.16; [0.8, 1.51]).

Conclusão

Esofagectomia com ligadura de ducto torácico sem ressecção do mesmo não diminui de forma significativa o risco de quilotórax e taxa de reoperações e não influencia na sobrevida global. A ligadura com ressecção do ducto torácico implica em maiores complicações pós-operatórias, incluindo quilotórax e não traz ganho em sobrevida a longo prazo.

Palavras-Chave

Esfoagectomia; Ligadura de ducto torácico; Complicações; Sobrevida

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Clara Lucato dos Santos, Victória Recidivi e Silva, Letícia Nogueira Datrino, Guilherme Tavares, Luca Schiliró Tristão, Marina Feliciano Orlandini, Maria Carolina Andrade Serafim, Laura Lucato dos Santos, Francisco Tustumi, Wanderley Marques Bernardo