Dados do Trabalho
Título
RETIRADA ENDOSCÓPICA DE CORPO ESTRANHO DUODENAL: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
JMS, sexo masculino, 72 anos, com quadro de dor abdominal difusa, inespecífica, início há 3 dias, associada a náuseas e hiporexia. Houve piora da dor há 1 dia. No exame físico: dor a palpação profunda difusa, principalmente em epigástrio, descompressão brusca negativa. Em propedêutica complementar, foi solicitada tomografia de abdome com contraste, laudada a priori como apendicite aguda inicial. Após revisão da tomografia com equipe multidisciplinar, foi evidenciada perfuração em parede posteroinferior da 3° porção duodenal sem coleção ou retropneumoperitônio. Paciente submetido a endoscopia digestiva alta com evidência de corpo estranho impactado no ângulo duodenal inferior, sendo retirado sem intercorrências, aspecto macroscópico semelhante a espinho de peixe, de aproximadamente 3cm.
Discussão
A ingestão de corpo estranho trata-se de uma afecção comum em crianças e pacientes psiquiátricos, sendo de ocorrência rara em adultos hígidos, estando, nestes casos, geralmente relacionados à impactação alimentar acidental. Os sintomas são variados e inespecíficos podendo se apresentar como desconforto abdominal, plenitude gástrica, disfagia, náusea, vômito e até mesmo salivação intensa. Em sua maioria, passam pelo trato gastrointestinal sem intercorrências (80 a 90% dos casos). Quando há complicações estão relacionadas às características do corpo estranho e localização sendo os pontos anatômicos de angulação e estreitamento fisiológico ou patológico os mais suscetíveis à impactação como cricofaringe, junção esôfago-gástrica, piloro, 2° e 3° porções duodenais, ângulo de Treitz e válvula ileocecal. Quando necessário intervenção, a técnica endoscópica é a de escolha, estando abordagem cirúrgica indicada nos casos de perfuração não bloqueada, peritonite, obstrução, hemorragia ou falha na remoção endoscópica.
Comentários finais
A perfuração duodenal por corpo estranho em adultos apresenta caracterização difícil devido aos sintomas inespecíficos e pela causalidade pobre, visto que, por se tratar de impactação alimentar (ossos de galinha, espinho de peixe), usualmente os pacientes não se recordam deste dado na anamnese. Dessa forma, o diagnóstico é firmado por exames radiológicos. Sempre que favorável, opta-se inicialmente por abordagem endoscópica, pela equipe mais experiente. Vigilância clínica após procedimento é recomendada, a fim de detectar complicações precocemente.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
octavio araujo lima, AMANDA KAROLYNE FERREIRA, ROBERTO MATA LENZA, JOSE EDUARDO BRUNALDI