XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

A quimioterapia pré-operatória é melhor estratégia do que a cirurgia de princípio no câncer gástrico cT4

Introdução

O câncer gástrico (CaG) T4 constitui um desafio terapêutico. Embora, no ocidente, a terapia multimodal (TMM) com quimioterapia seguida de cirurgia seja recomendada no CaG avançado, as lesões T4 são habitualmente indicadas para cirurgia de princípio, uma vez que se associam a sintomas como sangramento, dor e obstrução. De acordo com os dados atuais da literatura, não se permite inferir se a quimioterapia pré-operatória é uma estratégia melhor do que a cirurgia de princípio para tratamento do CaG T4.

Objetivo

Avaliar a melhor opção terapêutica no CaG cT4 (quimioterapia pré-operatória versus cirurgia de princípio).

Método

Pacientes com adenocarcinoma gástrico estadiamento cT4 e que receberam cirurgia com intuito curativo foram incluídos. Eles foram divididos conforme o tratamento inicial: cirurgia de princípio (CIR) ou quimioterapia pré-operatória (QT+CIR). O desfecho primário foi a sobrevida global (SG). Pacientes com cirurgia de urgência ou paliativa foram excluídos. A quimioterapia pré-operatória foi variável dicotômica (recebeu ou não), independente do esquema, ter recebido a dose pretendida ou da proposta (neoadjuvante, peri-operatória, conversão). Radioterapia hemostática não foi considerada como tratamento pré-operatório.

Resultados

De 1.330 pacientes com CaG operados, 685 foram com intuito curativo, dentre os quais, 266 foram estagiados como cT4, sendo 150 no grupo CIR e 76 no QT+CIR. No grupo CIR, 95 receberam adjuvância. Os grupos foram equivalentes em relação à idade, comorbidades, ASA, hemoglobina, albumina, gastrectomia e linfadenectomia realizadas. No grupo QT+CIR foi observado menos linfonodos acometidos e pTNM menores. A mortalidade em 30 dias foi de 5,3 e 2,6% (p = 0,35), a SG mediana foi 32 e 58,5 meses, respectivamente (p = 0,04). Aqueles que receberam TMM (perioperatório ou adjuvante) (n: 174) tiveram SG mais longa do que os com cirurgia isolada (49,4 vs 15,9 meses, p < 0,001), sendo equivalente a SG entre os que receberam quimioterapia antes e após a cirurgia. A sobrevida livre de doença mediana para cirurgia isolada foi de apenas 4,5 meses. Ausência de TMM, pN+ e ressecção R1 foram fatores independentes de risco para menor SG.

Conclusão

A presença de TMM, e não o momento deste em relação à cirurgia, é fator prognóstico determinante no CaG cT4. A tolerância à adjuvância é reduzida após a cirurgia interferindo na sobrevida dos operados de princípio. A quimioterapia pré-operatória é estratégia melhor para o CaG cT4 do que a cirurgia de princípio.

Palavras-Chave

câncer gástrico, t4, tratamento multimodal, quimioterapia

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Andre Roncon Dias, Marina Alessandra Pereira, Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos, Erica Sakamoto, Danilo Mardegam Razente, Rodrigo José de Oliveira, Ulysses Ribeiro Junior, Bruno Zilberstein, Sergio Carlos Nahas