XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Eficácia da quimioterapia neoadjuvante e da gastrectomia radical e alargada no tratamento de carcinoma gástrico com componente neuroendócrino locorregionalmente avançado.

Apresentação do Caso

Paciente, 54 anos, sexo masculino, atendido com dor epigástrica, plenitude pós-prandial e emagrecimento de 8kg em 4 meses. Ao exame, com massa palpável, pétrea, de limites mal definidos, localizada no epigástrio. Trazia exame ultrassonográfico que mostrava lobo esquerdo do fígado aumentado as custas de massas sólidas heterogêneas, de grandes proporções, sem plano de clivagem com o estômago. Endoscopia digestiva alta demonstrou grande lesão úlcero-infiltrativa, acometendo toda curvatura menor. Exame histopatológico revelou carcinoma gástrico mucinoso, com células em anel de sinete. Tomografia computadorizada (TC) de abdome com grande lesão expansiva, heterogênea, predominantemente exofítica na curvatura menor do estômago bastante espessada. A lesão media 182x134x76mm e se estendia até próximo ao pedículo hepático. Não havia plano de clivagem com lobo esquerdo do fígado e cauda pancreática. Encaminhado para quimioterapia neoadjuvante, tratado com esquema FLOT por seis semanas. TC de abdome de reestadiamento com redução no tamanho da lesão (111x80x37mm). Realizado ressecção com finalidade curativa (R0): gastrectomia total, segmentectomia hepática atípica, linfadenectomia D2 e esofagojejunostomia em Y de Roux. Apresentou boa evolução pós-operatória, alta hospitalar no 7º DPO, sem complicações. O exame anatomopatológico revelou carcinoma gástrico mucinoso (50% da lesão) e carcinoma gástrico pouco diferenciado (50% da lesão), medindo 135X64mm, com margens livres de tumor e metástase em um linfonodo da curvatura maior e implante tumoral no omento maior. Exame imunoistoquímico do componente não-mucinoso confirmou carcinoma neuroendócrino de alto grau – Ki67: 60%.

Discussão

Os tumores neuroendócrinos do estômago são raros, correspondem de 0,1 a 0,6% dos tumores gástricos. São de pior prognóstico, com crescimento rápido e potencial de metastatização e raramente tem crescimento extraluminal e infiltram órgãos por contiguidade. Os carcinomas gástricos com componente neuroendócrino constituem um grupo heterogêneo e podem ser puros ou mistos. O mau prognóstico dos carcinomas mistos não parece depender da porcentagem do componente neuroendócrino, mas entre os pacientes que recebem terapia neoadjuvante, o prognóstico melhora significante.

Comentários finais

A imunoistoquímica é importante no diagnóstico de carcinomas gástricos com componente neuroendócrino. A quimioterapia neoadjuvante favorece a ressecabilidade tumoral e melhora a eficácia do tratamento, mesmo em estágios avançados.

Palavras-Chave

tumor neuroendócrino, câncer gástrico, tratamento cirúrgico

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Mariana Oliveira Ferreira, Victor de Souza Menezes, Ricardo Augusto Monteiro Cardoso, Júlio Sérgio Lara Resende, Marco Antônio Gonçalves Rodrigues