XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

SANGRAMENTO DE ORIGEM OBSCURA DO TRATO GASTROINTESTINAL DE DIFÍCIL CONDUÇÃO – UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Masculino, 70 anos, em investigação de sangramento do trato gastrointestinal (TGI) desde 03/2020 - melena. Endoscopia digestiva alta (EDA), colonoscopia e cápsula endoscópica sem evidência de lesões ou sinais de sangramento recente. Admitido em 02/2021 por Estenose Aórtica com necessidade de troca valvar. Internação prolongada devido à infecção por sars-cov-2 e diagnóstico de Mieloma Múltiplo. Durante toda a internação, manteve quadro de melena com repercussão hemodinâmica e hematimétrica (Hb 3,5). Nova investigação do sangramento de TGI em 04/2021, com ausência de alterações em EDA e colonoscopia, mas com evidência de sangramento ileal à Cintilografia com hemácias marcadas e Cápsula Endoscópica identificando grande quantidade de sangue em jejuno, impedindo adequada realização do exame. Optado por laparotomia exploradora com enteroscopia intraoperatória (05/2021) que identificou lesão vascular com sangramento ativo em jejuno distal, característica de angiodisplasia, sendo realizada enterectomia segmentar. No 2º dia pós operatório apresentou instabilidade hemodinâmica. Nova laparotomia exploradora: presença de conteúdo hemático intra-abdominal, sem evidência do sítio de sangramento. Evoluiu com discrasia sanguínea, instabilidade hemodinâmica e óbito.

Discussão

Sangramento gastrointestinal obscuro é aquele persistente ou recidivante, não esclarecido após o exame de EDA e colonoscopia. Com os avanços dos exames de imagem e endoscópicos do intestino delgado, observou-se um aumento dos casos diagnosticados de hemorragia obscura do TGI, havendo uma mudança de nomenclatura para sangramento do intestino delgado. O caso relatado ilustra um sangramento do TGI que, após longa investigação, culmina em diagnóstico de angiodisplasia de jejuno. Nos pacientes acima de 40 anos, esta entidade está entre as principais causas de sangramento do TGI. Após realização de EDA e colonoscopia, casos ainda obscuros prosseguem investigação através de cápsula endoscópica, cintilografia com hemácias marcadas, angiografia e enteroscopia. Pode-se repetir esses exames até identificação do sítio. A enteroscopia intraoperatória é considerada abordagem de 3ª linha, indicada quando há falha nas investigações anteriores, com sensibilidade de até 88%.

Comentários finais

Sangramento obscuro do TGI é um desafio na prática clínica. As técnicas de abordagem endoscópicas são de primeira linha para diagnóstico/terapêutica, ficando a abordagem cirúrgica reservada para os casos refratários.

Palavras-Chave

Sangramento obscuro; trato gastrointestinal; angiodisplasia

Área

Endoscopia - Intestino delgado

Autores

Cláudia Chaves Mendonça, Fabrício Luis da Silva Coutinho, João Alexandre Cardoso Lopes Rêgo, Felipe Teixeira Amorim, Ana Flávia Magalhães Queiroz , Ingrid Marinho Marotta Moreira Araujo, Vitor Rocha Couto, Paula Chaves Zille, Lucas Marques Rodrigues