XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

FÍSTULA BILIO-BRÔNQUICA SECUNDÁRIA A OBSTRUÇÃO DE PRÓTESE BILIAR EM PACIENTE COM ADENOCARINOMA DE PÂNCREAS - RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Homem, 62 anos, obeso, diabético, hipertenso, em investigação de síndrome colestática, evidenciando dilatação de toda via biliar, sem evidência de fatores obstrutivos na ultrassonografia(US) e tomografia computadorizada(TC), porém ressonância magnética(RM)/colangioRM sugerindo colangiocarcinoma.
Devido hiperbilirrubinemia optado pela realização CPRE, sugestiva de colangiocarcinoma distal e passado prótese biliar.
Estabilizado e submetido à cirurgia que evidenciou lesão irressecável em corpo de pâncreas invadindo artéria gastroduodenal, tronco celíaco e colédoco retraído. Realizado colecistectomia e biópsia (adenocarcinoma origem bilio-pancreática), mantendo a prótese para abreviar recuperação e permitir quimioterapia(QT). Evolui sem intercorrências e alta.
No acompanhamento, por dois momentos, apresentou abscesso hepático com necessidade de drenagem, antibioticoterapia de amplo espectro e longa internação. No seguimento, abscesso em regressão nos exames, porém iniciou quadro de tosse intratável, secretiva de aspecto bilioso.
Avaliado pela cirurgia torácica, realizado broncoscopia com hipótese de fístula bilio-brônquica (FBB).
Nova internação para troca de prótese com melhora da expectoração biliosa de imediato.
Mantém seguimento em QT paliativa e troca periódica da prótese.

Discussão

FBB é rara, incidência desconhecida, alta mortalidade e decorre da comunicação do sistema biliar com trato respiratório, sendo maioria decorrente de abscesso hepático secundário a causas diversas.
A Fisiopatologia é a combinação de fatores mecânicos/infecciosos que cria contiguidade entre os dois sistemas e leva ao processo inflamatório que resulta no surgimento.
Classificada em congênita, secundária (trauma, doença hepática ou obstrutiva) e iatrogênica.
Clínica variável conforme etiologia, apresentando: tosse, atelectasia, bilioptise (patognomônico), pneumonia, dispnéia, insuficiência respiratória, febre, dor abdominal.
Diagnóstico complexo dependente de suspeita clínica, laboratoriais(bilirrubina no escarro) e imagem(CPRE, broncoscopia, TC, colecintilografia, RM) sendo CPRE ou colangiografia transparieto-hepática percutânea padrão ouro.
Tratamento pode ser cirúrgico ou endoscópico dependente da causa, variando desde abordagem direta com fechamento diafragmático até desobstrução endoscópica da via biliar.

Comentários finais

FBB é rara, pouco relatada e desafia o cirurgião desde o diagnóstico ao tratamento, justificando-se o relato para melhor conhecimento da patologia e auxílio na abordagem desses pacientes.

Palavras-Chave

Fistula Bilio-Brônquica - Câncer de Pâncreas

Área

Cirurgia - Pâncreas

Autores

Walmar Kerche Oliveira, Kamila Bessa Penteado, Claudia Nishida Hasimoto, Leonardo Pelafsky, Daniel Mendes Shiroma, Lana Wilma Rocha Lima, Irio Gonçalves Jr, Maria Aparecida Coelho Arruda Henry