XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

MIGRAÇÃO DE VÍSCERAS ABDOMINAIS PROVOCANDO INSTABILIDADE HEMODINÂMICA NO PÓS OPERATÓRIO DE ESOFAGECTOMIA - UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, 61 anos, sexo masculino, etilista (consumo de destilados diariamente desde os 18 anos de idade), sem histórico de tabagismo. Histórico de neoplasias de esôfago e estômago na família (pais). Diagnóstico de adenocarcinoma ulcerado (grau 2 histológico) em biópsias de lesão que se iniciava à 30 cm da arcada dentária superior e se estendia até a transição esofagogástrica (TEG).
Tomografias (tórax, abdome, cabeça e pescoço) para estadiamento, concluíram tumor T2N0M0. Achado adicional: volumosa hérnia gástrica hiatal, contendo parte do corpo e fundo do estômago. Ecocardiograma pré operatório (05/04/19) com fração de ejeção de 64%, morfologia e dinâmica cardíaca normais (PSAP 22mmHg).
Foi submetido a esofagectomia video assístida por toracoscopia e laparoscopia com reconstrução com tubo gástrico. No intra-operatório, habitualmente, o tórax é drenado bilateralmente e é passada sonda nasoenteral, a qual permanece até o 7º PO.
Paciente seguiu em UTI nos primeiros 3 dias após a cirurgia. Na figura 1, demonstra-se a radiografia de tórax após o procedimento.
No 4 PO, após realização de manobra de Valsalva para tentar evacuar, paciente evoluiu com dor torácica súbita, associada a taquicardia e hipotensão com turgência jugular e diminuição da ausculta em base de tórax, a direita. Realizada nova radiografia (figura 2), evidenciando migração intestinal em hemitórax a direita com desvio do mediastino.
Indicada laparotomia de urgência, tendo como achados no intraoperatório cólon transverso e alças de delgado herniadas. Após redução do conteúdo, paciente evoluiu com resolução completa da taquicardia e hipotensão. Realizada hiatoplastia com 2 pontos em x com fio inabsorvível (prolene).



Discussão

Os estudos envolvendo a HH após a esofagectomia no câncer esofágico apresentam diversas limitações por serem, em sua grande maioria, retrospectivos.
Apesar de envolver uma maior taxa de incidência de HH, a abordagem minimamente invasiva da esofagectomia se mostra superior à abordagem aberta, por envolver menor tempo de internação, menor volume de sangramento e menos complicações perioperatórias1; 2; 4.

Comentários finais

O reparo da HH por videolaparoscopia parece ser o mais indicado, contudo o uso rotineiro da tela ainda é controverso 2; 3. A prevenção seria uma ótima estratégia para a problemática envolvendo a HH, entretanto técnicas preventivas não demonstraram eficácia2. Tal fato evidencia a necessidade de novos estudos que busquem elucidar uma melhor estratégia preventiva.

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Gabriel Agareno, Rafael Benjamin, Ricardo Galletti, Lucas Sesconetto, Ian Torres De Lima, Guilherme Maganha, Gabriel Aranha, Marcos Noronha, Francisco Tustumi