Dados do Trabalho
Título
Estudo piloto da prevalência de comorbidades em pacientes com megaesôfago chagásico em hospital terciário de Goiânia, GO
Introdução
A doença de Chagas (DC) é uma zoonose endêmica no Brasil, em que se estima que o número de infectados varia de 1,9 a 4,6 milhões de pessoas. A DC pode causar diversas manifestações, acometendo o coração, esôfago e cólon, causando, respectivamente, a cardiomiopatia, o megaesôfago e o megacólon chagásicos. Estudos realizados, como os no Hospital Universitário de Maringá, Paraná, e em Montes Claros, Minas Gerais, vêm procurando caracterizar as comorbidades apresentadas por pacientes com a forma crônica da DC. Todavia, poucos têm diferenciado os pacientes portadores de megaesôfago chagásico.
Objetivo
Descrever a prevalência de comorbidades em pacientes portadores de megaesôfago chagásico.
Método
Estudo transversal do tipo observacional descritivo retrospectivo em que se avaliou os prontuários de paciente atendidos no ambulatório de DC de hospital de referência em Goiânia, GO entre 2010 e 2020. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos maiores de 18 anos e portadores de megaesôfago chagásico. Foram excluídos os prontuários que não continham todos os dados necessários na coleta. Os dados foram tabulados e analisados utilizando o software Excel.
Resultados
Foram analisados 401 prontuários, porém apenas 343 prontuários preencheram os critérios de inclusão. As comorbidades mais prevalentes nesses pacientes foram cardiomiopatia chagásica, presente em 49,56% dos pacientes, hipertensão arterial sistêmica (HAS), presente em 46,6% e megacólon chagásico, presente em 32,56%. As doenças metabólicas dislipidemia, hipotireoidismo e diabetes mellitus tiveram a prevalência de 20,41%, 12,86% e 7%, respectivamente. A prevalência de doença do refluxo gastroesofágico foi de apenas 11,05%, de gastrite foi de 22,97% e úlceras digestivas foi de 1,46%. As doenças neurológicas, no entanto, tiveram as menores prevalências, visto que somente 0,29% dos pacientes possuíam alzheimer, 0,58% possuíam doença de parkinson e 1,74% possuíam fibromialgia.
Conclusão
Percebe-se que são diversas as comorbidades apresentadas por pacientes com megaesôfago chagásico, as quais muitas vezes estão envolvidas em maior risco cirúrgico e dificuldade de adesão terapêutica. As demais manifestações da DC e a HAS se mostraram as mais prevalentes nessa população e a baixa prevalência de doenças neurológicas pode estar relacionado com o mecanismo fisiopatológico de desenervação da DC, o que necessita maior investigação.
Palavras-Chave
Doença de Chagas; Acalasia Esofágica; Comorbidade
Área
Gastroenterologia - Esôfago
Autores
Arthur MAROT DE PAIVA, Gabriel Baêta Branquinho Reis, Pedro Henrique de Ávila Perillo, Diogo Henrique Saliba Souza, Joffre Rezende Filho